Uma pessoa tem de estar preparada para tudo na vida - até para aprender com o Paulo Coelho!
O Pepe Carvalho habitará para todo o sempre na minha galeria de heróis.
Invejo-lhe os dotes culinários, que o habilitam a cozinhar um afamado e invejado bacalau pil-pil.
Foi por directa influência deste detective catalão, nascido da prodigiosa imaginação de Manuel Vasquez Montalban, que me tornei fanático de triângulos de manchego empurrado por copos de Paternina.
Só dois dos hábitos de Pepe Carvalho (em ex-comunista que se tornou agente da CIA) me inspiram alguma relutância – a escandalosa relação que mantém com a sua amiga Charo (que, digamos, faz do sexo a sua profissão) e o vício de usar livros para atear a sua lareira.
Como não tenho fogão de sala na minha casa nova, não corro o risco que queimar os livros. Mas estou a pensar seriamente em desfazer-me deles.
Curiosamente, foi o Paulo Coelho, que já vendeu mais de 500 milhões de livros (ele há gente para tudo!), é uma das pessoas que mais me está a encorajar para me desfazer da maioria dos livros.
Noutro dia, em conversa com o Fernando Morais (o biógrafo do Paulo), soube que o autor do Alquimista nunca guarda mais do que 200 livros em casa. Se compra dois livros novos, desfaz-se logo de dois livros velhos. “Os livros têm de viajar”, explica.
Dito isto, estou a um passo de me tornar um militante do book crossing.
Quem sabe se amanhã vou deixar o Sexus, do Henry Miller, no McDonalds da avenida da Boavista, o Portugal e a Guerra Civil de Espanha, da Iva Delgado, no café Vaga, o Apenas um Olhar, do Harlan Coben, num banco do autocarro 503 e o Merde, de Stephen Clarke, numa mesa da Casa das Sandes do Península?