E se eu deitasse fora 4/5 desta tralha?
A mais completa das desarrumações. Esta é a legenda mais benigna para o estado actual do meu escritório.
O caos é tal que, apesar de ser geneticamente desavergonhado, pensei três vezes antes de me decidir a partilha convosco uma imagem desta catástrofe – e, confesso, me inibi de mostrar o seu lado pior.
Tudo por causa dos livros e da minha mania em arquivar compulsivamente recortes de jornais e revistas.
Não ouso sequer avançar com a previsão de uma data para estar tudo arrumado ao ponto de eu conseguir achar, num prazo máximo de 15 minutos, as pastas sobre Energias Renováveis ou a vida do Manuel Violas, um artigo do El Pais sobre as melhores pastelarias de Budapeste ou o dossier sobre os hábitos sexuais dos portugueses publicado na saudosa e falecida Revista do Expresso.
Os livros, esses estão amontoados sem o mínimo critério, A Sociedade do Espectáculo, de Guy Debord, Sara, de Olga Gonçalves, e Tensões Sociais em Portugal na Idade Média, de Humberto Baquero Moreno, convivem alegre e anarquicamente na mesma prateleira.
O caos é tal, o pó é tanto, que dou por mim a trabalhar em esplanadas ventosas daquilo que tem todas as condições para ser uma acolhedor e confortável escritório.
O drama é tal que às vezes dá-me ganas de deitar 4/5 (pelo menos!) desta tralha que me rodeia!