A moda dos óculos escuros XXL acabou com as mulheres feias
Tenho uma nova teoria. Já não há mulheres feias desde que os óculos escuros XXL entraram na moda.
O momento zero da minha teoria deu-se às 11h05 do passado dia 13 de Dezembro, no oitavo andar do edficio das Amoreiras ocupado pela McCann Ericson.
Eu estava lá a recolher elementos para um trablho publicado na última edição do ano da Única quando uma mulher alta, atraente e vistosa, estaciona à minha frente.
Como eu fiquei mudo e paralisado, ela virou-se para mim e disse: «Então?! Já não me conheces?!». E, acto continuo, para me poupar mais embaraços, tirou os óculos escuros enormes desnudando uma cara que claro que eu conhecia. Era a Lúcia Carvalho, que foi directora de Marketing no Expresso!
(Não façam, por favor, confusão! O facto da Lúcia ter sido o ponto de partida para a formulação da teoria de que já não há mulheres feias desde que os óculos escuros XXL entraram na moda não quer de alguma maneira dizer que ela seja feia. Não garanto que a Lúcia ganhasse o concurso de Miss Portugal, mas tem uma palmo de cara bem giro).
A partir do episódio Lúcia iniciei um período de observação atenta das mulheres com que em cruzava na rua e centros comerciais. Este trabalho de campo confirmou a minha suspeita inicial. Ao cobrir quase por completo a cara, os óculos de sol enormes escondem quase todos os traços de fealdade que possam existir no rosto de uma mulher.
A moda dos óculos escuros XXL tornou a paisagem urbana mais bonita, pois reduziu drasticamente o número das mulheres feias às pobres e ignorantes que ainda não repararam que têm tudo a ganhar em precipitarem-se para uma loja, ou até mesmo uma banca de rua, e comprarem os óculos de sol ruas maiores que encontrarem.
Antes de publicar esta minha nova tese, testei-a por duas vezes. Primeiro com o Manuel Serrão que acumula o facto de ser meu amigo com o de se o meu guru para as coisas da Moda. Mal lhe expus a teoria, ele não hesitou um minuto
Acrescentou que na neve todas as mulheres são lindas porque os escassos milímetros quadrados da cara que os óculos deixam a descoberto estão bronzeados. E, garante, além de lindas todas as mulheres serem feitas dentro de um fato de esqui. O problema começa quando elas se começam a desnudar, primeiro tirando os óculos - e o fato, depois.
Esta situação de desencanto na neve tem uma equivalência à noite, se bem que por motivos diferentes (a que a falta de luz não será alheia...). À medida que a noite avança e a quantidade de álcool no sangue sobe, os nossos padrões de beleza e elegância não cessam de se tornarem mais generosos e abrangentes, ao ponto de poderem originar ataques cardíacos quando acordamos e à severa e impiedosa luz do dia olhamos para a pessoa que está deitada ao nosso lado na cama.
A capa da última edição da GQ constituiu a segunda e definitiva validação científica da minha teoria de que desde que os óculos escuros enormes entraram na moda deixou de haver mulheres feias.
Penso que todos conhecem a Ana Marques, uma cara conhecida da televisão, actual apresentadora de programas em canais de cabo da Sic.
Pois bem, se não sabem, passam a saber, a Ana Marques é a capa da última GQ. Não está mal, mas mesmo assim ainda prefiro a Dita von Teese na capa da edição de Novembro da Esquire. E ninguém me tira a ideia que o doutor Balsemão não deve ter achado piada nenhuma a que ela tenha sido fotografada em poses eróticas para a GQ e não para a FHM, do grupo Impresa.
A minha primeira impressão da Ana Marques não lhe era muito favorável. Achei que ela era uma espécie de Catarina Furtado dos pobres, que estava para a Furtado, como a Inês Pedrosa está para a Clara Ferreira Alves. É claro que se esforça mas muito provavelmente nunca chegará lá .
Ora sucede que esta minha amarga caracterização da Ana Marques tem sido sucessivamente adoçada por vários testemunhos. A minha amiga Isabel Jorge Carvalho jura-me que a Ana é uma pessoa interessantíssima e uma boa profissional. A minha Isabel afirma que ela tem humor e uma boa presença perante as câmaras. A produção da última GQ garante-me que ela não é só boa só por dentro.
Posto isto, estou pronto a admitir que fui injusto na minha primeira avaliação da Ana Marques. Já estou arrependido de lhe ter chamado a Catarina Furtado dos pobres. Mas nenhuma Isabel, (nem pessoa com outro nome, acrsecento) me conseguirá convencer que a Ana Marques é bonita. No entanto, olha-se para ela na GQ, com os óculos escuros postos, e até parece bonita.
A GQ foi a prova dos nove da minha teoria de que com a moda dos óculos escuros XXL deixou de haver mulheres feias.