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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Sab | 06.01.07

Algumas verdades sobre o onanismo

Jorge Fiel

 

Inventariar algumas das vantagens competitivas do onanismo sobre a relação sexual tradicional e fornecer enquadramento histórico ao acto da masturbação são os dois objectivos perseguidos por este pequeno e despretencioso texto, que surge como resposta a uma questão lateral abordada no debate sobre a magna a candente questão das regras mínimas de boa educação a observar quando se procede à limpeza do salão.

 

Como prolegómeno ao tema, acho imprescindível lançar alguma luz no domínio dos conceitos.

 

A Nova Enciclopédia Larousse é taxativa ao afirmar que onanismo e masturbação são sinónimos absolutos - e define o verbo transitivo «masturbar» como o acto de «conseguir o prazer sexual através da excitação manual das partes genitais».

 

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa alarga, de forma considerável, o âmbito do fenómeno masturbatório ou, se preferirem, onanista.

 

«Masturbar», no sábio entender do Houaiss,  é «estimular os próprios órgãos genitais ou os de alguém para (se) dar prazer, para alcançar ou fazer alcançar o orgasmo».

 

Dito por outras palavras, o douto Houaiss acha redutora a definição da masturbação como um prazer solitário. A masturbação não se esgota na auto-estimulação e compreende também o acto de estimular manualmente as partes genitais de outra pessoa.

 

No entanto, acho que toda a gente está de acordo comigo se eu disser que ninguém melhor do que nós próprios sabe calcular o ritmo a imprimir à estimulação dos nossos genitais por forma a obter um orgasmo mais rápido e melhor.

 

Apesar de ninguém ser mais competente que nós no acto da masturbação, deve admitir-se que encerra em cima uma grande simbologia e um enorme potencial erótico a masturbação em simultâneo - o homem masturba a mulher, que por sua vez está a masturbar o homem (os exemplos dados são, propositadamente, de relações hetero e não homo).

 

Chegados a este ponto, acho importante sabermos que o vocábulo onanismo deriva de Onan, personagem bíblica, um hebreu que não queria ter filhos e, por isso, praticava o coito interrompido com a sua mulher, espalhando o seu sémen pelo chão - além de ser um exemplo de desperdício (estão cienificamente comprovados os efeitos benéficos na pele do esperma), estes truque não deixa de ser curioso e estar prenhe de actualidade neste momento em que as consciências do nosso país se estão a dividir entre partidários do Sim e do Não no próximo referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez.

 

A propósito, é fundamental esclarecer que, ao contrário do que muita gente pensa, a masturbação não é uma invenção recente.

 

As investigações levadas a cabo pelo reputado arqueólogo britânico Timothy Taylor garantem-nos que o sexo na Pré-História era uma actividade tão divertida  quanto nos dias de hoje.

 

Timothy estudou vários objectos com figuras de mulheres que supostamente estavam a dar à luz e concluiu, do alto da sua sabedoria de professor da Universidade de Bradford, que não era nada disso.

 

O que as mulheres estavam a fazer era a masturbar-se, o que vem contrariar a ideia preconcebida de que o sexo na Pré-História cumpria unicamente uma função reprodutora.

 

Em resumo, e para concluir sinteticamente, enuncio as quatro maiores vantagens comparativas da masturbação a solo sobre o sexo a dois:

 

1. É garantido que não se apanha qualquer doença sexualmente transmissível, como a terrível praga da Sida ou os mais populares e históricos esquentamentos;

 

2. Pode fantasiar que está  fazer amor com quem lhe apetecer  (Gong Li, Scarlett Johansson e a vizinha do andar de baixo incluidas, fazendo recurso às modalidades, situações e posições que melhor lhe aprouverem:

 

3. No final não tem de estar a fazer paleio de circunstância - se quiser pode virar-se logo para o outro lado e começar a ressonar, que no dia a seguir não ouvirá queixas ou recriminações de qualquer espécie;

 

4. Usufruirá de uma encantadora descontracção durante a caminhada para o orgasmo, pois ninguém o vai acusar de ser um ejaculador precoce ou sussurrar-lhe ao ouvido: »Querido, está-se a passar alguma coisa?.. É que nunca mais acabas...»

 

 

(a imagem que ilustra este post é uma fotografia de DNA Zygotic, uma escultura de raparigas mutantes, criaturas com um ar angélico mas que podem ter quatro pernas, várias cabeças ou órgãos sexuais masculinos no lugar do nariz,, da autoria de Jake e Dinos Chapman. Escultura em fibra de vidro. 1m50x2mx1m50)