Fui vitima de um DNS cometido pelo Negesse
Hoje fui mais uma vez vítima de um DNS (Did Not Show). O autor foi o Negesse Pina, 29 anos, o santomense que preside à Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAV).
Tinha um almocinho combinado com ele, com encontro marcado para as 12h30, nas instalações da associação. À hora marcada estava eu na rotunda de entrada de Aveiro, quando o telefone tocou. Era a Catarina Santos (colega e/ou secretária do Negesse) a comunicar-me que o almoço ficava em águas de bacalhau.
O Negesse pedia muita desculpa, mas não ia poder aparecer (o que configura o já referido e clássico DNS) porque tinha morrido um aluno da Universidade de Aveiro e ele estava no hospital a confortar os pais.
Como estava a conduzir (e não estou interessado em apanhar mais uma multa de 120 euros por ser apanhado a guiar com o telemóvel na orelha) não aprofundei as circunstâncias do passamento (presumivelmente ocorrido no hospital) nem o grau de intimidade do Negesse com o falecido.
Mas fiquei aborrecido. O último DNS de que me lembro ter sido vitima foi cometido em Paris pelo Dasilva, um descendente de portugueses que está ter algum sucesso no panorama musical francês.
Eu e o TóPê aparecemos à hora combinada no estúdio onde ele estava gravar, mas do Dasilva nem sombra. Sim senhor, tinha estado a gravar, mas entretanto saira para comer qualquer coisa com os músicos e disse que já não voltava, ponto final parágrafo, assim a seco, sem mortes, nem doenças, nem lamentáveis esquecimentos, nem imprevistos urgentes a amortecerem o DNS.
Eu fico chateado, mas como tenho um coração de manteiga não lhes levo a mal (pelo menos muito a mal). Uma boa parte dos meus colegas retaliam, desistindo logo do trabalho. Eu não. Não sei se faço bem, mas dou-lhes uma segunda oportunidade.
À segunda tentativa, o Dasilva estava no sítio à hora marcada e acabou por ocupar uma página da Revista do Expresso num trabalho sobre luso-descendentes bem sucedidos em França.
Se a Catarina voltar a telefonar a marcar novo almocinho, eu também darei uma segunda oportunidade ao Negesse de ser um dos convidados do Dois Cafés e a Conta, uma rubrica que ocupa a última página da edição de domingo do Diário de Notícias e é um dos biscates que eu faço para ganhar a vida.
Perdoo-lho o prejuízo, que não foi pouco: quatro horas de vida, 160 km, portagens, um euro de estacionamento junto ao cemitério, 4,25 euros de uma caixa de ovos moles e quatro euros de quatro pequenos pães de ló de Ovar, seis euros do almoço no Vitaminas do Forum Aveiro (salada de carne assada e ananás e sumo de maçã e morango).
Que seja tudo em desconto dos meus pecados, digo eu, pensando que teria sido muito pior se estivesse dependente do Negesse para este domingo. Felizmente, estou bem calçado neste particular, pois almocei na 2ª feira, na Trempe, em Campo de Ourique, com a Maria Manuel Leitão Marques (secretária de Estado da Modernização Administrativa) e na 3ª, em Serralves, com a Alexandra Bento (presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas).
Um pontapé nas costas teria sido pior.