O caso do duque que ficou à espera do cheque de 50 contos, referente com o subsídio de férias
Foi bastante fácil controlar os danos do lançamento de uma marca de pet food como o meu apelido. Foi como limpar o cu a meninos.
Mas, quando passo mentalmente em revista este episódio ocorrido durante a Primavera marcelista, ainda lamento que ninguém na minha família tenha tido o golpe de asa de usar os tribunais para fazer com que o audacioso fabricante de latas de comida para cães de marca Fiel fosse obrigado a abrir os cordões à bolsa, contribuindo assim para a nossa felicidade.
Despertei para essa possibilidade quando tomei conhecimento de um curioso episódio periférico ao lançamento pela Sogrape da marca Duque de Viseu, com uvas da Quinta de Carvalhais, cuja reconversão deu um novo e fantástico fôlego aos vinhos do Dâo.
Estava tudo pronto, o vinho afinado e o dispositivo de marketing preparado, quando alguém do estado maior da Sogrape ergueu a voz e fez a pergunta fatal: “Alguém chegou a falar com o duque de Viseu a pedir-lhe autorização para usarmos o título?”
Aflitos com o esquecimento, os Guedes logo contactaram o duque de Viseu (irmão do duque de Bragança, o pândego pretendente ao trono) sugerindo-lhe duas hipóteses de recompensa pelo uso do seu título como marca comercial:
a) Pagar-lhe uma determinada quantia mensal (estou em crer que 50 contos, ou seja cerca de 250 euros);
b) Oferecer-lhe todos os anos, por altura do Natal, uma quantidade generosa de caixas de Duque de Viseu (branco e tinto) que não só bastasse às necessidades de consumo do fidalgo mas também permitissem que ele fizesse umas ofertas aos amigos.
O duque preferiu o dinheiro ao vinho, opção que, no meu entender, o qualifica (atenção aos mais distraídos: esta frase não é um elogio).
Volvidos alguns meses sobre este acordo de cavalheiros, Fernando Guedes tropeçou no duque de Viseu, num evento social, e fez logo questão de se inteirar se tudo corria conforme ao combinado.
O duque apressou-se a dizer que sim; só tinha uma pequena queixa: “Sabe, esqueceram-se de me enviar o cheque correspondente ao subsídio de férias…”
Em face desta gentil reclamação, o patriarca dos Guedes não teve outro remédio senão instruir a tesouraria para em Dezembro mandar ao duque um cheque referente ao 13º mês.
O duque duque