Um período máximo de tolerância de 15 minutos
Umas das coisas que me irrita solenemente nas pessoas atrasadas é o facto de não serem coerentes.
Chegam atrasados a jantares, apresentação de livros e encontros, mas - numa demonstração inequívoca de uma intolerável hipocrisia - comparecem à hora marcada nos acontecimentos e situações em que isso é obrigatório.
Esses horríveis hipócritas estão no aeroporto à hora (fica caro perder o avião), chegam ao cinema a tempo de ver os previews (não querem, por nada, perder o início do filme), ao concerto antes dos músicos afinarem os instrumentos certos (não arriscam ficar à porta à espera do final do primeiro andamento) e ao futebol enquanto os jogadores ainda fazem os exercícios de aquecimento (não lhes passa pela cabeça deixarem de ver um golo). Mas chegam impreterivelmente atrasados ao encontro para jantar ou à reunião de condomínio.
Recais sobre os ombros de nós, que somos pontuais, a pesada tarefa de educar pelo exemplo os atrasadinhos mal educados.
Amorim Martins, empresário da construção civil e ex-presidente da AI Portuense e do Conselho Empresarial do Norte, tinha como regra de conduta nunca esperar mais de cinco minutos. Quem chegasse seis minutos atrasado não o encontrava a ele - apenas o lugar.
Na minha cruzada pessoal pela pontualidade, sugiro que comecemos por um período máximo de tolerância de 15 minutos aos atrasado. Nem mais um segundo!
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(1) Estou a falar das pessoas saudáveis que se atrasam por sistema, e não das patologicamente atrasadas, como é o caso do Santos, que ontem foi aqui escalpelizado.