Uma reflexão sobre o emprego suscitada pela acrobata vaginal Sonia Baby
Neste interim entre o Natal e a Passagem de Ano a generalidade dos meios de Comunicação Social opta por contornar a ausência de notícias e de recursos humanos (2/3 dos jornalistas aproveitam esta altura para meterem dias de férias, que ninguém sabe conseguiram guardar, e folgas em atraso, na sua esmagadora maioria de origem duvidosa) socorrendo-se de todo o tipo de rankings dos melhores e piores do ano.
Eu não quero salientar-me, desalinhando-me deste movimento. Por isso, é com todo o prazer que hoje vos anuncio o Prémio Roupa para Lavar da Melhor Entrevista 2006.
E a vencedora é Sonia Baby, uma acrobata vaginal espanhola, que concedeu uma memorável entrevista à revista NS (Notícias Sábado), do grupo Global Notícias e que desde já elogio muito por ser um modelo de coerência, uma vez que é distribuída ao sábado, como o próprio nome indicia, ao contrário da Sábado do grupo Cofina, que mentirosamente teima em ir para as bancas à 5ª feira.
A entrevista premiada foi publicada em Julho, antecedendo o 2º Salão Erótico de Lisboa, estrelado por Sónia Baby, onde, e apesar da elevada assistência (cinco mil pessoas), ela logrou a concentração suficiente para se superar e bater o seu recorde pessoal ao extrair
Em beneficio dos leitores a quem essa notável peça passou despercebida, transcrevo um pequeno extracto (penso ser esta a palavra adequada) da entrevista:
« (...)
Pergunta - Que área é essa?
Resposta - Sou acrobata vaginal
P- Desculpe?!
R - É isso mesmo. Tiro
P - Está a brincar, certo?
R - Estou a falar a sério.
P - Ah. E isso treina-se?
R - Sim. tenho de treinar muito. É tal e qual como ir ao ginásio para nos mantermos
(...)»
Sonia sabe que a sua profissão de acrobata vaginal é de desgaste rápido tal como a dos futebolistas profissionais. «Se te cuidares bem, podes fazer esta vida até aos 30, 31 anos..», prevê a acrobata, numa declaração que confirma a justeza da observação do mercado do emprego feita por António Guterrres durante a campanha eleitoral para as legislativas em que foi reeleito - acabando por não levar o mandato até ao fim - e que eu tive o privilégio de acompanhar em reportagem para o Expresso.
Dizia Guterres que na geração dos seus pais era possível ter o mesmo emprego durante toda a vida. Que na nossa geração (a dele e a minha) seria possível ter a mesma profissão durante toda a vida, mas em diferentes empregos. Mas que na geração dos nossos filhos já não seria possível ter a mesma profissão durante toda a vida.
Sonia Baby está aí a dar razão ao engenheiro. Ela não vai conseguir ser acrobata vaginal durante toda a vida.