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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Qua | 11.02.09

Só com uma política de verdade se pode combater a terrível pandemia de imitadoras da Glenn Close

Jorge Fiel

Apesar de não ser casado com a Gertrude, o Jean prepara-se claramente para lhe saltar para a espinha ("Um amigo de conas", Gina nº 187), sendo que não tem o aspecto de quem teve de lhe cantar a canção do bandido  - e, ainda por cima, não se trata de monogamia em série já que se adivinha pelo posicionamento estratégico do sapato vermelho de tacão alto da Ethel que ela também vai aderir á confraternização  

 

“Já toda a gente sabe que os homens não têm o sexto sentido das mulheres. O que também todos sabemos é que os homens são muito pouco originais no que toca à ‘cantiga do bandido’.

O exemplo dos homens casados é a falta de criatividade total em todo o seu esplendor. A conversa é sempre a mesma ‘chapa quatro’: ‘as coisas não estão nada bem comigo e com a minha mulher’ ou ‘o meu casamento já deu o berro há muitos anos’ ou então ‘vou divorciar-me’ (enquanto lá em casa a harmonia é total), já o ‘adoro-te, mas não posso deixar os meus filhos? E o ‘não fazemos amor há uma década’ são clássicos.

Depois, claro, admiram-se. Admiram-se quando as Glenn Close a quem contaram estas histórias apareçam às mulheres deles a dizer que querem os maridos delas, liguem para casa a altas horas da noite e desliguem, com baton nos vidros do carro debita insultos, façam esperas no emprego, ameaçam suicidar-se, enfim tudo aquilo que uma mulher enfurecida, por se sentir enganada, faz e muito mais”.

“Sete anos de mau sexo”, Ana Anes, página 54

 

Todos os homens, independentemente do seu credo religioso, obediência política ou estado civil, deviam ser obrigados a beber estas sábias palavras.

Se ainda não foram ver o Vicky Cristina Barcelona, de Woody Allen, apressem-se a ir ver e aprendam como o Juan Antonio (Javier Bardem) levou à certa a dupla fantástica Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johansson), estando sempre a elogiar a sua ex-mulher Maria Elena (Penélope Cruz).

Só uma política de verdade absoluta poderá evitar a pandemia (pior que epidemia) de Glenn Closes que se está a propagar por todo o planeta, tendo já atingido a dimensão de um flagelo (pior que praga) de consequências ainda mais perniciosas para a humanidade do que o incêndio na Austrália.

Ainda Scarlett usava fraldas e eu já tinha aprendido com o meu amigo Luciano a importante lição dos péssimos resultados da tradicional “canção do bandido” como modus operandi em casos de facadinha no matrimónio – sem precisar de rever o vídeo de Atracção Fatal.

Disputavam o Luciano e o Benedito os favores sexuais da Patricia, uma moça loura (se bem que as raízes dos cabelos dispensassem a consulta de outras zonas de intensa pilosidade para apurar a cor original dos seus cabelos) e bem constituída, que usava saias mais curtas que a largura de cachecol.

Um dia, estávamos os quatro a almoçar e a Patrícia perguntou aos seus pretendentes que classificação lhe atribuiriam, numa escala de zero a 20.

Entusiasmado, Benedito disparou imediatamente um mais que generoso 19. Luciano ficou a pensar, obrigando a Patrícia a pressioná-lo a declinar a pontuação.

Então, com cara de pau, o mula do Luciano deu-lhe um 14. E face aos protestos de Patrícia, explicou que se tratava de uma excelente nota, já que mais de 14 valores só atribuía a uma mulher: a sua.

Agora adivinhem por favor quem é que saltou para a espinha da pernalta (que disfarçava com collants o facto das suas coxas terem uma textura que, ao olhar, era igual  à das salsichas frescas).

Se responderam Luciano acertaram, já que o pinga amores exaltado do Benedito o mais longe que conseguiu ir foi a receber uns linguados quando a ia levar até à camioneta que ela apanhava para ir passar o fim de semana a casa dos pais.

Quer evitar cenas como o cão enforcado no quintal, o gato morto à machadada ou o coelho na panela?  Siga os sábios conselhos de Luciano, Ana Anes e Woody Allen.