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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Qua | 04.02.09

Breve evocação do feliz ano de 1932, em que o Porto ofereceu ao Mundo a pasta medicinal Couto

Jorge Fiel

 

Não há volta a dar. O Porto aparece sempre à esquina em todos os momentos fundamentais da História de Portugal, qualquer que seja o assunto, desde o nascimento e baptismo da nação até à inovação na higiene oral, passando pelo financiamento dos Descobrimentos.

No Portugal, a preto e branco, de 1932, em Lisboa, António de Oliveira Salazar ultima a Constituição de 1933 e o Estatuto do Trabalho Nacional (promulgado em 1934) que completam a arquitectura jurídica do Estado Novo.

Na Marinha Grande, as células clandestinas comunistas e os grupos anarquistas agitam o importante centro industrial que protagonizaria em 1934 o canto do cisne da revolta operária contra a ditadura.

No Porto, Alberto Ferreira Couto dava alguma cor a este cenário plúmbeo ao inventar a mítica pasta dentífrica que usa como marca o seu apelido.

A pasta medicinal Couto é um dos mais queridos ícones do século XX português, que ainda podemos encontrar nas prateleiras de lojas especializadas e de bom gosto.

O essencial do design da famosa embalagem inicial manteve-se, sendo que a única coisa que mudou foi a assinatura do produto. Em Outubro de 2001, a União Europeia decretou a proibição do uso da palavra medicinal por esta pasta dos dentes que continua a ser fabricada nos arredores do Porto (mas concretamente em Gaia, junto à A1).

Legalmente, a boa e velha e pasta medicinal Couto passou a ser a nova (e presumo) não menos boa pasta dentífrica Couto, mas penso que ninguém levará a mal se aqui na Lavandaria eu continuar a qualificá-la informalmente como medicinal, certo que entre as preclaras e os preclaros não se conta qualquer zeloso fiscal de Bruxelas pronto a dedodurar-me (1).

 

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(1) Não hesito um segundo em declarar que este neologismo verbal -  que tem a sua origem no dedo indicador direito acusador espetado em sinal de acusação - constitui uma das mais importantes contribuições que os nossos irmãos do outro lado do Atlântico deram ao desenvolvimento da língua que nos une.

 

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