Detesto piscinas que precisam de semáforos
Quem não gostaria de ter estado no lugar de Alain Delon, à beira da piscina, com a Romy Schneider?
Uma das melhores sensações que posso ter é mergulhar, ainda meio a dormir, numa água tépida e acordar totalmente e desentorpecer-me a nadar. Chega a ser erótico.
E gosto muito de nadar, actividade a que não me entrego regularmente há já uns anos por considerar insuportáveis as condições disponibilizadas pelos health clubs que começo.
Gosto de nadar, mas quero ter uma pista só para mim (ou vá lá, para duas pessoas, se a outra também estiver a fazer piscinas, respeitar o seu lado e não atrapalhar).
Gosto de nadar, mas detesto piscinas com menos de 20 metros (vá lá 18 metros, que será o mínimo dos mínimos!) em que uma pessoa passa mais tempo a deslizar debaixo de água a seguir às viragens do que a nadar mesmo.
Gosto de nadar, mas detesto ter de partilhar a piscina com ranchos de crianças irrequietas e bandos de velhinhas desocupadas a fazerem ginástica na água.
Gosto de nadar, mas detesto estar na piscina a tentar nadar e a pensar se devo ou não sugerir ao gerente do Holmes a instalação de um sistema de semáforos nas suas piscinas.
Além da piscina privativa, com as características descritas, se me tornasse milionário excêntrico, permitir-me-ia alguns pequenos luxos, como, por exemplo, ir ao barbeiro fazer a barba.
Dantes era assim. Os cavalheiros iam ao barbeiro fazer a barba. Por isso mesmo ele se chamava barbeiro e não cabeleireiro (o nome que se dá aos/às operadores/as de cabelos das senhoras que, por definição, não têm barba, porque se a tivessem andavam pelas tendas de circo da família Cardinalli e não a frequentar os salões da família Piloto).