As derrapagens na banheira são mais frequentes e letais que as ocorridas nas grandes obras públicas
Os números não mentem. A casa de banho é o cenário de 2/3 dos acidentes domésticos, sendo que a esmagadora maioria são protagonizados pela banheira.
Dito por outras palavras, o acto diário e corriqueiro de subir e descer da banheira é estatisticamente tão perigoso como atravessar o Bairro do Aleixo ao volante de um SUV Audi do último modelo (matricula 2008) ou andar pelo Cais do Sodré a dar água sem caneco às quatro da matina.
Sob a aparência de simpática e inofensiva peça de mobiliário, a banheira é uma armadilha que se pode revelar mortal.
Os perigos começam logo no vulgar acesso, já que nem todos somos como o professor Cavaco, já velho mas ainda ágil, porque na sua juventude correu os 110 metros barreiras.
Depois há o durante. No chuveiro, o acto de ensaboar os pés pode revelar-se tão perigoso como pisar uma mina anti-pessoal abandonada num picada africana, uma vez que a superfície interior das banheiras não tem propriedades anti-derrapantes.
Fazer um quatro para ensaboar o pé direito, e, a seguir, repetir o quatro para repetir a operação no pé esquerdo (usando como pé de apoio o pé direito previamente ensaboado), é uma manobra pura e simplesmente suicida.
As derrapagens na banheira são ainda mais frequentes e letais que as ocorridas nas grandes obras públicas, como a Casa da Música ou a extensão a Santa Apolónia da rede do Metro de Lisboa.
Neste contexto, acho completamente desaconselhável a prática de sexo na banheira, uma actividade que não hesito em considerar mais radical do que o parapente, o rafting ou descer, em rappel australiano (ou seja, de cabeça para baixo) o Empire State Building.