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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Qui | 14.12.06

Tudo o que eu penso sobre os táxis

Jorge Fiel

 Um táxi de Barcelona

 

Nunca gostei de andar de táxi. Aflige-me o coração ver o taxímetro a trabalhar, sempre a somar, tunga, mais 15 cêntimos. A angústia é profundo e real já que também me atinge nos casos em que não sou eu a pagar a conta.

 

Uma vez em Paris, no tempo em que ainda havia francos e as ATM não estavam democratizadas, entrei em pânico absoluto quando a quantia assinalada no taxímetro ultrapassou o dinheiro que eu tinha na carteira.  Fiquei à beira de um ataque cardíaco.

 

Dito isto, esclareço que nada me move contra os táxis. Antes pelo contrário. Reconheço a sua extrema utilidade ao preencherem o segmento mais alto da oferta dos transportes públicos. E não me ensaio nada de chamar um táxi depois de esgotadas todas as outras possibilidades - pernas, metro, autocarro ou eléctrico.

 

Acresce que a sabedoria dos taxistas continua a dar preciosos e inestimáveis contributos para o humor no Mundo. Às vezes interrogo-me sobre o que seria dos Gatos Fedorentos se secasse esta sua valiosa fonte de matéria prima.

 

Os táxis têm uma terceira utilidade marginal: a de colorirem a paisagem urbana das cidades. Não consigo imaginar as espaçosas ruas e avenidas de Nova Iorque desertas da circulação de milhares de «yellow cabs».

Na ponte dos feriados estive em Barcelona, onde táxis pintados de preto com portas amarelas fazem um belo contraste com os autocarros vermelhos.

 

No nosso país, e muito infelizmente, um dos efeitos secundários negativos da nossa adesão à CEE foi a substituição do preto com tejadilho verde dos bons e velhos táxis pretos e verdes pelo maçador creme importado da Alemanha.

 

Sou absolutamente contra os táxis creme, que conjugados com o cinzento de 90% dos automóveis particulares entristecem as nossas ruas. Para ser pior só mesmo uma banda sonora de fado.

 

Ainda bem que foi aberta a possibilidade de escolha entre as cores novas e as antigas - e que uma minoria esclarecida de proprietários de táxi com bom gosto está a optar pelo verde e preto tradicional.

 

Mais esclareço que gosto muito do amarelo dos autocarros e dos eléctricos de Lisboa. E que tenho saudades do verde inglês que vestia os autocarros quando eu era pequeno, no Porto.

 

PS. Declaro hoje a 5ª feira zero da Quinta das Respostas. Prometo responder hoje à noite a todas (mas mesmo todas) as perguntas que os incautos que clicam neste blogue me coloquem façam e a todas as perguntas (mas mesmo todas) que me coloquem no espaço dos comentários