Não se acanhe! Use a escova da sanita!
Um dos efeitos secundários perniciosos da moda de alojar dentro das paredes os reservatórios dos autoclismos é ficarmos desprovidos de um óptimo esconderijo doméstico.
Todos nós já vimos em filmes e séries de televisão que os reservatórios do autoclismo são o sítio ideal para esconder a Smith & Wesson, o saquinho de coca ou o vídeo porno caseiro que planeamos usar para fazer chantagem a uma importante figura pública.
É por essas e por outras que conto com a colaboração de todos os malfeitores – sejam eles traficantes de droga, membros de claques organizadas ou banqueiros corruptos – nesta minha campanha para a libertação dos reservatórios dos autoclismos, injustamente aprisionados no Guantanamo das paredes.
Mas ser um militante activo desta causa, não implica negligenciar o cumprimento da etiqueta do utente da sanita.
O facto da maioria dos reservatórios estarem inacessíveis não pode ser desculpa para a não observância de algumas regras básicas, das quais me permito destacar duas:
1. Nunca se esquecer de accionar o autoclismo
Ser distraído não serve de álibi para o terrível pecado social que consiste em abandonar a casa de banho deixando atrás os seus detritos malcheirosos a boiarem na sanita;
2. Usar a vassoura da sanita sempre que necessário
A escova da sanita pode não ser o mais bonito dos objectos domésticos, mas a verdade é que existe e tem uma utilidade incontornável. Os japoneses da Sanrio reconheceram isso e prestaram a este objecto a homenagem de comercializar uma vassoura de sanita Hello Kitty. Nenhum de nós controla a textura dos detritos sólidos que expele pelo ânus e de, quando em vez, lá vêm alguns com qualidade particularmente aderentes e resistem à enxurrada higiénica do autoclismo, obrigando ao manuseamento da escova que costuma estar estrategicamente colocada ao lado do trono.
Estas duas simples e básicas regras não são mais do que o declinar do conselho que, na sua imensa sabedoria, o povo dá: Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti.