O dia em que perdi o avião, a tarde e uma Nintendo
Não vos escondo que me sinto de alguma maneira responsável pelo segundo incidente que estragou o primeiro dia das minhas férias polacas. A saber, o fatal esquecimento da Nintendo do João no banco traseiro de um táxi de Varsóvia.
A trapalhada com os voos fez com que a chegada ao aeroporto Fryderyka Chopina, inicialmente prevista para s 13h35 , fosse adiada para as 18h50. Ou seja à perda original do avião, juntou-se a perda de uma tarde – e, posteriormente, a perda de uma pequena mochila Nike com uma consola Nintendo e vários jogos.
Eu tenho uma posição de princípio bastante desfavorável ao uso de táxis (mesmo quando não sou eu a pagar!), que me leva a optar sempre pelos transportes públicos colectivos.
Á chegada da Varsóvia ainda me dirigi ao balcão do Turismo animado pelo propósito de reunir informações que me habilitassem a atingir o Ibis Centrum sem recorrer aos táxis.
Fiquei a saber que não há autocarro directo. O 175 acaba o seu percurso junto à estação central do comboio, nas imediações do Palácio da Cultura. Como era preciso fazer transbordo, já era noite e o dia atribulado cansara o pessoal, claudiquei quando a menina do Turismo do aeroporto me aconselhou a que fossemos de táxi para o hotel.
O taxista pediu-me 60 zlotys por uma corrida cujo preço justo seria 40 zlotys., mas eu não estava com disposição para discussões com as mãos e conformei-me a ser esportulado em cerca de seis euros. É a vida!, como diria o camarada Guterres.
Quando da manobra de desembarque junto ao Ibis Centrum cometi o segundo erro capital do dia ao infrigir uma das mais básicas regras do meu comportamento quotidiano, que consiste em pedir sempre factura aos taxistas.
Esta regra entrou para o meu RDM pessoal quando há cerca de 15 anos, um táxi amarelo de Nova Iorque desaparecia da linha do meu horizonte levando no banco traseiro a magnifica (e cara) máquina fotográfica da Eduarda.
Nesse preciso momento jurei que nunca mais deixaria de pedir a factura a taxistas, gesto que além de me poder proporcionar algum ganho fiscal, nos habilita a localizá-los no caso se por esquecimento deixar algo de valioso a bordo.
Lamentavelmente, faltei a essa jura quando no início da noite do passado dia 6 de Setembro, à porta do Ibis Centrum de Varsóvia, assoberbado pelo desalfandegamento das nossas malas, não reparei que o pequeno João não trazia a sua parte da bagagem.
Na recepção do Ibis, convenceram-nos que desconhecendo sequer qual a companhia do táxi, não seria razoável desencadear uma acção tendente a resgatar a Nintendo do João.
Restava-nos esperar que a honestidade do taxista (e a colaboração da pessoa que usou o táxi a seguir a nós) o levasse a entregar a Nintendo no hotel. O que não aconteceu. Neste momento, há um menino polaco a jogar PES com o nosso patrocínio.
A Nintendo do João foi a primeira baixa da nossa excursão polaca. É a vida!, como diria o camarada Guterres.
(continua)