134 mm a máxima e 86 mm a mínima. Era esta a minha pressão arterial quando comecei a redigir esta crónica. Quem o garante é o meu medidor caseiro de tensão arterial, um aparelho digital com um ar catita e chamado Tensoval. A triste e dura realidade é que sou hipertenso.
O facto de integrar uma imensa minoria – as estatísticas revelam que um em cada três adultos no Mundo são hipertensos – não me alegra. Não há a mínima dúvida de que ter uma pressão arterial elevada faz de mim um sério candidato a uma velhice avinagrada pela demência ou Alzheimer, isto no caso de não ser no entretanto fatalmente vitimado por um enfarte ou um AVC! Sou hipertenso, mas ando a tratar-me e a aquisição do aparelho medidor insere-se nesse combate.
Diariamente anoto as medições no meu caderninho de bolso Clairefontaine quadriculado. Ontem, por exemplo, acordei às 7h30 com 137/93. Duas horas depois, após o meu jogging matinal na Foz, tinha 122/84. E por volta das 20h00, no regresso a casa, estava nos 142/96.
A coisa assim escrita até nem parece grave. É aceite que os 140/90 são o patamar da hipertensão. O problema é que estes valores são conseguidos à custa de dois comprimidos diários, um de Dilbloc 25 e outro de Co-Diovan Forte, prescritos pelo dr Nogueira da Silva, do Hospital de Santa Marta, que pacientemente me vigia desde que eu fui internado com uma arritmia cardíaca.
Deixei de fumar, reduzi para dois cafés o consumo diário de cafeína, dispenso bem o sal e os doces, e retomei o hábito de fazer regularmente exercício físico. Mas não há meio de abater o excedente de dez quilos que transporto. E não resisto ao presunto, nem a um manchego bem curado ou a um ilhas picante, acompanhados por pão escuro e vinho tinto.
E, como não tenho pais ricos, nem me saiu o Euromilhões, não consigo evitar o stress do trabalho. 145/97 acusa agora o Tensoval. Quem é que disse que o trabalho dá saúde?
Ai! Clarinha e Jorge: Como V. são tão mórbidos. Só sabem pensar em doenças dessa! E o pé de atleta? E a saborosa infestação por "Pediculum Pubis"? (Saborosa só na maneira como se apanha, que depois é uma chatice - digo-vos eu que já a apanhei). Só que naquele tempo ninguém a considerava doença. Eram os chatos, e pronto. Só que dava uma coceira do caraças! Mas, com lavagens com lixívia e tintura de cevadilha, lá se ia resolvendo o problema. E, se para além da tinha dos pés e dos piolhos naquele sítio, falássemos dos esquentamentos tão frequentes em quem procurava mulheres perdidas, numa altura em que nem sequer havia antobióticos. E, então, a boqueira de quem ia dando uso uso à língua e aos beiços sem ser para rezar, que era o que mandava a Santa Madre Igreja? Vocês só pensam nessas doenças mortais e não pensam naquelas que o Dianho inventou a partir de coisas boas, que não matam, mas que depois vão dando chatices até ao catano! Beijos e abraços. PS : Oh Jorge, estamos mal que o meu sangue não é esse. O meu médico disse-me que eu tenho pouco sangue na minha corrente alcoólica, por isso acho que só posso fazer transfusões para quem tem grupo AE (quer dizer, Álcool Etílico). Por outras palavras, por mim V. morre mesmo. Para minha pena e profunda consternação. Mas, ao menos, que Deus, Nosso Senhor o leve para a sua mão direita e que a sua alminha repouse em paz! São os meus desejos mais profundos.
Nasci em Maio de 1956 na Maternidade Júlio Dinis. Fiz a primária no Campo 24 de Agosto e o essencial do liceu (concluído entre o Nobre e Gaia) no Alexandre Herculano. Entre os 15 e os 21 anos fui militante da LCI. Li quase tudo que o Marx, o Lenine, o Trotsky e a Rosa Luxemburgo escreveram. Ler mais
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