A desvantagem comparativa dos suspensórios face ao cinto
De manhã, quando aperto o cinto, ajusto-o ao furo certo para segurar as calças no local recomendado da cintura – ou seja, dois a três centímetros abaixo do umbigo.
O problema é que ao longo do dia a rotundidade da minha barriga favorece o deslizar do cinto . Este movimento não é bom, já que fico com as calças a cair, tipo Cantinflas.
Ontem aproveitei a folga para experimentar os suspensórios, a tradicional alternativa ao cinto que acho estar em vias de extinção. Penso que há mais gente a usar laço (como o meu preclaro amigo e antigo colega Nicolau Santos) do que suspensórios – estou em crer que já nem o meu preclaro amigo e ex-colega António Marinho (que adoptou agora a marca Marinho Pinto) os usa.
A experiência correu bem, apesar das molas se soltarem com mais frequência do que seria desejável , muito provavelmente por falta de uso - comprei os meus suspensórios às riscas vermelhas e brancas numa loja Mystic Shirt num momento de devaneio, algures no período de prosperidade cavaquista no dealbar dos anos 90.
No final de uma tarde de teste, detectei apenas o inconveniente maior de serem pouco práticos quando se trata de nos sentarmos no trono para satisfazer as nossas necessidades fisiológicas de carácter sólido.
Neste particular, o cinto é muito mais competitivo. É muito mais fácil e rápido desapertar o cinto e voltar a apertá-lo do que a operação de abrir e fechar as três molas (uma anterior e duas posteriores) dos suspensórios.
Apesar de evitar a todo o recurso o recurso a sanitas alheias , valorizo esta desvantagem comparativa dos suspensórios face ao seu concorrente cinto.
Por essa razão – e também, não o nego, devido ao conservadorismo que cresce a par da idade - , decidi manter-me fiel ao cinto. Mas prometo que darei uma nova oportunidade aos suspensórios.
A única coisa que vos posso garantir é que optarei por um deles. Não sou homem para usar em simultâneo cinto e suspensórios.