Desvendei o truque manhoso das mulheres a dias
Não. Esta não é a mulher a dias que presta serviço lá em casa
Já lhe aconteceu chegar a casa ao fim do dia, mesmo em cima da hora de começar a exibição do novo episódio do Boston Legal, e desesperar por não encontrar o comando da power box da TV Cabo?
Já lhe aconteceu ter o seu Nokia a miar, queixando-se de que tem a bateria descarregada, e que, por mais voltas que dê à casa, não encontra a porcaria do carregador?
Já lhe aconteceu passar a pente fino o seu armário da roupa e não conseguir encontrar a merda dos jeans Levi’s 501 pretos que pôs para lavar há mais de 15 dias?
Pois este três contratempos flagelaram, em dias diferentes e recentes, a minha felicidade quotidioana, pelo que obrigaram a reflectir profundamente na causa destas coisas.
A primeira conclusão da minha exaustiva e meticulosa investigação foi a de estabelecer um denominador comum a todas estas ocorrências domésticas: a mulher a dias.
Não se precipite nas conclusões. A honestidade da Leonor (a minha mulher a dias) é à prova de bola. O comando da power box, o carregador do Nokia e os 501 pretos não foram roubados. Estavam lá em casa, postos em sossego, mas desaparecidos em parte incerta.
Com telefonemas para a Leonor, no horário pós laboral, os três objectos foram rapidamente localizados.
O comando estava guardado na gaveta da mesa onde guardo garantias e literatura dos electrodomésticos e afins.
O carregador estava na gaveta da cómoda onde arrumo passaportes, binóculos e o meu stock privado de caderninhos de apontamentos Clairefontaine, em papel quadriculado.
As Levi’s 501 estavam na mesma cruzeta do meu fato azul de Verão – muito bem dobradinhas debaixo das calças do fato.
Chegado a este ponto do meu trabalho detectivesco, senti-me capaz de uma segunda conclusão, mais ousada e surpreendente que a primeira.
Os três objectos, que eu tinha deixado fora do seu sítio devido, tinham sido cuidadosamente arrumados pela mulher a dias no estrito e zeloso desempenho das suas funções.
O «quid pro quo» desta questão é que o comando, o carregador e os jeans foram arrumados em localizações que eu não hesito em qualificar como improváveis. Porquê?
A resposta a este porquê é um valioso segredo que eu revelo aqui, neste «post», a todos os poucos (mas magníficos!) frequentadores desta lavandaria.
Sim, eu, Jorge Fiel, desvendei o truque manhoso das mulheres a dias!
A manha das mulheres a dias, que as leva a guardar em lugares improváveis as coisas que deixamos desarrumadas e espalhadas por todo o lado (o comando no chão ao lado do sofá da sala, o carregador ligado a uma tomada da cozinha e os jeans em cima da cadeira de balouço do quarto) tem o subido e estratégico objectivo de educar o nosso comportamento. Nem mais!
É um método sofisticado, baseada na mais fina psicologia humana. Através da experiência quotidiana, nós aprendemos que se deixarmos alguma coisa fora do sítio iremos pagar a curto prazo essa negligência ao sermos obrigados a fazer uma espécie de busca ao tesouro doméstica (que se não for coroada de êxito, nos leva a fazer um humilhante telefonema para a mulher a dias confessando-lhe o nosso fracasso) para reaver os objectos que que necessitamos.
Educando-nos a sermos arrumados, as mulheres a dias ganham porque passam a ter menos trabalho. Agora chamem-lhe burras…