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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Seg | 14.01.08

As minhas contribuições para um Mundo perfeito Parte II salários e tempo

Jorge Fiel

 

As políticas salariais e o paradigma vigente de progressão nas carreiras, unanimemente aceites, são, no meu entender (que não é modesto!), uma das mais gritantes evidências de que este Mundo está de pernas para o ar e o pessoal está de tal modo alienado que não repara nisso.

 

Antes de tudo, quero sublinhar que a unanimidade nem sempre é consensual - e que neste particular das políticas salariais eu caio claramente fora da rançosa unanimidade.

 

Não me parece bem que uma pessoa ganhe pouco no seu primeiro emprego e que depois, os seus rendimentos vão lenta e seguramente aumentando à medida que ganha peso, perde cabelo e progride na carreira, atingindo o zénite (ou seja o maior número de zeros no recibo do vencimento) quando está prestes a reformar-se e as decisões mais importantes que lhe resta tomar na vida é se devemser cremados ou ter um enterro verde – e quando vai perder a vergonha e desatar a engolir comprimidos de Viagra uns atrás dos outros.

 

Para mim, é claramente injusta uma sociedade que obriga os seus cidadãos a trabalharem como cães (esta imagem é um bocado estúpida, pois eu nunca vi cães a trabalharem, mas enfim, percebem o que eu quero dizer, se escrevesse «trabalhassem como ucranianos» podia soar xenófobo) quando estão no auge das suas capacidades físicas e mentais -  e adorariam ter tempo livre para viajar, namorar, divertir-se e quecar como se não houvesse amanhã.

 

É claramente injusta um sociedade que paga mal aos seus cidadãos quando eles mais precisam de dinheiro para comprar casa, carro, a máquina de café Nespresso, o LCD, serigrafias do José Guimarães, sofás do Ikea, roupas da Gant ou da Fashion Clinic e Macs coloridos.

 

Está mal. Quando somos novos e mais precisamos do dinheiro e do tempo, obrigam-nos a trabalhar e pagam-nos mal.

 

Quando começamos a cair da tripeça e a levar a sério a pergunta retórica «Olá pá, estás bom?!» (e respondemos: «Obrigado, a tensão arterial anda menos mal, da última vez que a medi estava 14.5/8.3. Mas o colesterol é que não há meio de baixar, tenho mesmo de cortar no queijo e no presunto. Olha, já sabes que o Adriano foi operado à próstata?!») é que estamos financeiramente desafogados e com uma «overdose» de tempo provocada pela moda estúpida de mandar para reforma antecipadamente todas as pessoas que ainda se lembram de na sua juventude terem visto televisão a preto e branco.

 

Num mundo perfeito, em vez de crescer, a quantidade de dinheiro e tempo disponíveis deveria minguar ao longo da vida.

 

 

 

 

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