As minhas contribuições para um Mundo perfeito Parte I emprego e desemprego
A minha vida ociosa tem sido mãe para alguns pensamentos, como muito oportunamente me avisou o preclaro Pedro Barbosa Pinto, distinto frequentador desta lavandaria.
Como não tenho segredos para as minhas amigos e amigos, início hoje a partilha e socialização de todos os pensamentos de carácter filosófico que vão germinando na minha pobre e desocupada cabeça durante este período em que apesar de continuar a ser depositado no banco, ao fim do mês, o meu gordo salário, estou dispensado do «dever de assiduidade» ao Expresso.
De certo, os ilustres membros desta lavandaria não se espantarão se a primeira reflexão, digamos o primeiro momento filosófico visando contribuir para um Mundo perfeito, estiver relacionado com a magna e candente questão do emprego e desemprego.
O Mundo está dividido em duas partes: os empregados e os desempregados.
O Mundo está ainda dividido em duas outras partes: as pessoas que gostam de trabalhar e os calaceiros com ódio ao trabalho.
Muito infelizmente estas partes não são coincidentes.
Há gente empregada que odeia trabalhar.
Há gente no desemprego que ama trabalhar.
O mundo perfeito será aquele em que estas partes sejam coincidentes.
Em que os que não gostam de trabalhar e estão a ocupar indevidamente um posto de trabalho sejam enviados para o desemprego, dando a vaga aos que estão desempregados e são viciados em trabalho.
A função do Estado é dar o seu melhor no ajustamento entre estas partes, em ordem a proporcionar a felicidade aos seus cidadãos.