Longa vida ao camarada Banksy, o Picasso do século XXI
Fiquei muito satisfeito ao saber que uma galeria londrina, de Notting Hill, vendeu por meio milhão de libras o graffiti What? (reproduzido na imagem que encima este «post») da autoria do fabuloso Banksy.
What? foi grafitado num quiosque de Tottenham Court Road e logrou sobreviver à diligência dos zelotas. Ainda bem!
Meio milhão de libras não é muito dinheiro. É quanto ganha por mês o Ballack. E o futebolista alemão já está há 3,5 milhões de libras (ou seja sete meses) no Chelsea e lamentavelmente a única coisa digna de registo que fez, ao longo dos meses largos que leva no clube de Mourinho, foi marcar, na semana passada, o golo que afastou o FC Porto da Champions.
Banksy é um artista de rua anónimo que espalha gratuitamente o perfume do seu talento por paredes que não lhe pertencem e que expôs algumas das suas obras noss melhores museus do Mundo (Met e MoMa, de Nova Iorque, Tate Modern e British Museum, de Londres, e o parisiense Louvre) sem que para isso tenha sido convidado.
Sou um fã dos «young british artists», como Damien Hirst (já dediquei um «post» à questão do seu tubarão embalsamado), Sarah Lucas, Jake e Dino Chapman, Ron Muek e Tracey Emin (já tive oportunidade para reproduzir neste blogue obras de todos eles). Mas tenho de reconhecer que Banksy atingiu um patamar superior.
Neste dealbar do século XX, o guerrilheiro Banksy representa para a arte o mesmo que Picasso no início do século XX. É o ícone da transgressão, a vanguarda do movimento de destruição criativa, o símbolo da arte urbana que lamentavelmente os novos donos das cidades teimam em rejeitar.
A compra de What? por meio milhão de libras é um sinal de que a parte mais lúcida do «establishment» começa a reconhecer o imenso valor da arte de Banksy, ainda em vida do autor - que está «alive and kicking» como podem constatar se forem ao YouTube meterem as palavras Banksy e Paris Hilton e apreciarem com os vossos olhos a fantástica e bem planeada operação de avacalhamento do CD da galinhola herdeira da cadeia Hilton (substitui a capa de 500 CD em 43 lojas inglesas).
Recomendo a todas as preclaras e preclaros que se documentam sobre Banksy (no final incluo referência do livro que compendia boa parte da sua obra), que retoma a tradição pré-histórica da arte rupestre.
Despeço-me com uma frase do grande Banksy:
«Some people become cops because they want to make the world a better place. Some people become vandals because they want to make the world a better looking place»
Wall and Piece, Banksy, edição Century 2006, 240 páginas,