Estava guardado para o fim o melhor bocado. Nas minhas deambulações matinais, a meio da Kanonicza (provavelmente a mais bela rua de Cracóvia), tropecei numa livraria assinalada por um bonito letreiro e com uma fachada atraente, decorada por um estante em baixo relevo e de apreciáveis dimensões (ver foto).
Entrei e deu-se o célebre coup de foudre. Foi um caso série de amor à primeira vista porque aquela pequena livraria (com uma apreciável oferta em línguas inglesa, alemã e espanhola) chamada Bona, com um também pequeno mas encantador café lá atrás, ao fundo.
Resisti à tentação de me sentar, encomendar um café (e, quem sabe?, uma fatia de uma tarte que estava com um aspecto delicioso e eu com a idade estou a ficar um bocado guloso, deve ser para ver se consigo ficar diabético) e deixar-me ficar a ronronar naquele ambiente morno e acolhedor.
Não. Não me podia distrair. Tinha de cumprir o trajecto do passeio laboriosamente desenhado cerca de uma hora atrás, à mesa do TriBeCa Coffee. Da maneira esquinada e perigosa como o mundo está, uma pessoa nem nas férias ou momentos livres pode fraquejar. Primeiro, a devoção. Só depois de podermos arvorar um sorriso de satisfação pelo dever cumprido é que nos podemos deixar embalar no colo lúbrico da diversão.
Apressei o passeio delineado, de modo poder por um ponto final de categoria à viagem, gozando uns bons 45 minutos no café Bona. A coisa ia dando para o torto.
Fiquei bastante desapontado ao ver todas as mesas ocupadas, quando voltei ao café/livraria Bona (mais ou menos a meio da Kanonicza, do lado esquerdo quem sobe, não tomei nota do número exacto e eles tinham os cartões esgotados), passavam poucos minutos das 15h30.
Não desisti. Deixei-me ficar à espera que uma mesa vagasse, o que não tardou acontecer, recompensando a minha paciência e perseverança, duas qualidades que nunca será demais elogiar (auto-elogiar, no caso).
Que mais hei-de dizer? Foi muito bom. Tudo. O café (seis zlotys), a música, a empregada (ainda hoje me arrependo de não ter tido lata de lhe pedir a referência do CD que estava a tocar), o ambiente.
Eu sei que temos a tendência a sobrevalorizar o mais recente. É por isso que um caso ocorrido no final do ano tem muito mais probabilidades de ser eleito pelos jornalistas como Acontecimento do Ano do que um outro, de importância idêntica ou superior, que teve lugar no início do ano. Mas, mesmo correndo o risco de estar a sofrer dessa desfocagem, dou 18,5 valor, numa escala de zero a 20, ao Bona. Se pudesse, importava aquele ambiente todo para o Porto.
Segunda, 24, o dia de regresso, era mais curto (às 16h30 tinha boleia do meu primo Fernando para o aeroporto) e por isso tinha de ser devidamente aproveitado (para não dizer espremido), pelo que passava pouco das oito da manhã quando montei quartel general numa mesa do TriBeCa Coffee - que tal como o Europeijska fica no correr ocidental da Rinek Glówny, só que na outra ponta, no Palac Pod Baranami, palácio celebrizado por acolher há mais de meio século um famoso cabaret.
Não me posso queixar. Foi produtivo. Em menos de uma hora, com o auxilio do guias DK e InYour Pocket de Cracóvia, planeei numa folha A4 branca, cuidadosamente dobrada para criar 48 quadradinhos, bem sucedidas incursões aos bairros de Okol, Stradom, Kazimiez, Wesola, Piasek e Nowy Swiat.
O TriBeCa funciona em regime de self service, cobra seis zlotyz (um pouco menos de euro e meio) pelo expresso (o preço sobe para oito zlotys se for duplo) e divide-se em duas salas. Eu instalei-me na maior, ampla e muito bem iluminada. Apesar de ainda ser cedo, com grande pena minha as três mesas sobrelevadas estavam ocupadas por gente que tinha todo o aspecto de estar na firme disposição de criar raízes no local.
Gostei do ambiente, clean, muito moderno, arejado e despojado, diria mesmo de inspiração norte-americana – a legislação laboral flexível não foi a única coisa que os polacos foram beber ao outro lado do Atlântico.
A banda sonora era agradável, jazz por intérpretes locais, creio que Anna Maria Jopek (cuja recomendo). Nota 14, numa escala de zero a 20, para um TriBeCa Coffee que não desperta paixões mas também não compromete.
Presumindo que não vale a pena pôr mais na carta para salientar a subida importância dos cafés (estabelecimento e bebida) no bem estar e conforto do viajante, passo a relatar circunstanciadamente as três experiências de café que vivi durante o fim de semana alargado que passei em Cracóvia.
Logo na 6ª feira, instalei-me no Europeijska, após um opíparo almoço de sopa de peixe e carpaccio, acompanhado por um copo de Malbec, no Szara da Rynek Glówny, e de um breve passeio pela Stare Miasto (centro histórico), dado com o duplo objectivo de desentorpecer e de evitar o entorpecimento do espírito.
A ideia era pegar nos mapas e guias, que transportava no meu messenger bag (se calhar é melhor começar a referir-me a ele por saco de carteiro, numa tradução livre para português), e planificar a minha estada - nunca mais escreverei estadia, pois da última vez que usei esta palavra levei um valente puxão de orelhas de uma professora minha amiga.
O sono e o ambiente (uma penumbra simultaneamente pesada e acolhedora) do Europeijska conspiraram para me frustrar os meus planos, atirando-me para os domínios de Morfeu.
Chegado aqui, devo recordar que pernoitara na porta 21 do aeroporto de Frankfurt, ou seja tinha no lombo uma noite dormida à pressa.
O café (8 zlotys, um pouco menos de dois euros) não travou a galopada do sono. Como não conseguia estruturar o programa para a short break polaca, preferi levantar âncora e ir dar água sem caneco vagabundeando pela Stare Miasto, para não correr o risco de arranhar com os meus roncos (sim, eu ressono) a elegante e elaboradamente sofisticada atmosfera do Europeijska.
Fica guardada para a próxima a experiência de saborear com calma o ambiente clássico e muito Europa Central deste café decorado com objectos de época (como gramofones, sabe-se lá se alemães), instalado rés-do-chão do Palac Krysztorofy, no lado ocidental da Rynek Glówny, uma das mais belas praças do mundo – é tão bonita que às vezes até arrepia.
Um pequeno defeito ou imperfeição, contanto que bem explorados em termos de marketing, pode ser muito vantajoso na justa medida em que nos diferencia e personaliza.
Não sei se a Daniela Ruah seria uma actriz tão famosa nos States se o branco de um dos seus olhos não fosse negro - o que até rima com uma sociedade que se pretende multiracial e, às vezes, pratica discriminação positiva em benefício das suas minorias.
Mas tenho quase a certeza que a Torre de Pisa não seria mais conhecida internacionalmente do que a Torre dos Clérigos se não se desse o caso dos engenheiros que a projectarem não terem estado à altura dos acontecimentos e ela estar perigosamente inclinada.
Maior praça medieval da Europa, a Rynek Glówny de Cracóvia é tão bela que dispensava perfeitamente o facto da torre do edifício da Câmara Municipal ter começado a adornar.
Na visita que fiz ao Podzemia Rinku (o museu subterrâneo consagrado à história da cidade, que reúne os vestígios achados durante a escavação arqueológica da praça) fiquei a saber que a torre do edifício da Câmara já descaiu 55 centímetros para o lado.
Cracóvia, uma maravilhosa cidade visitada anualmente por oito mlhões de turistas, não precisava de um torre tipo Pisa para entrar no mapa dos melhores destinos europeus. Tenho dito!
Eram 21h10, hora local, quando, proveniente de S. Petersburgo, desembarquei no aeroporto de Frankfurt onde tinha de passar a noite, porque o meu voo de ligação para Cracóvia só partia na manhã seguinte, às 8h30.
Podia ter reservado um quartel de hotel, mas imediações do aeroporto ou mesmo na cidade, mas estes tempos terríveis obrigam-nos a contenção nas despesas.
Resolvi acampar no Terminal A, apesar de ter sido informado da existência de melhores cadeiras no B pela menina da Lufthansa que consultei a propósito – e que me sossegou sobre a legalidade do projecto de poupar uma noite de hotel : “Pode ficar a dormir onde quiser”.
Decidi-me a pernoitar no Terminal A após uma consulta do quadro de partidas (o B tinha movimento durante toda a noite enquanto o A era muito mais sossegado, pois não tinha voos entre as 23h00 e as 6h00) e ter percebido que se fosse para o B tinha de ser mais duas vezes apalpado (faço sempre apitar os detectores de metais).
Montei escritório numa mesa da porta 21, e comecei a matar tempo lendo com vagar as edições do dia do Financial Times, International Herald Tribune, Wall Street Journal e USA Today (que dedicava uma página didáctica às mulheres que querem trocar de cabeleireiro, desaconselhando o uso da desculpa gasta de que vão viver uma temporada para a Europa), a ouvir música do meu iPod para não ter de ouvir a televisão que estava sintonizada na emissão em língua alemã da Deutsche Wella.
Assim que acabou o movimento e passou a brigada da limpeza, instalei-me na minha cama (ver foto que abre este post), com o meu saco de mensageiro da Aldo a servir de almofada, o encerado Barbour de cobertor (não sei bem explicar porquê a temperatura ambiente baixou um bocado), os auscultadores Bose a calafetar os ouvidos e o iPod sintonizado para passar aleatoriamente canções do Leonard Cohen.
Acordei por um pouco depois das 4h30. Ou seja, dormi umas boas quatro horas. Depois de me espreguiçar, fui à casa de banho (que, como não podia deixar de ser, cheirava a pêssego) lavar a cara e os dentes, pensando, enquanto olhava para o espelho nas vantagens de ser careca – se não fosse, estava todo despenteado.
O Terminal A estava a acordar, com a chegada dos passageiros para os voos das 6h00, quando dei o meu passeio matinal para desentorpecer as pernas e fazer horas.
Não foi uma noite santa, nem dormi o sono dos justos, mas foi um pouco melhor do que estava à espera, tendo para isso contribuído as fantásticas condições do aeroporto de Frankfurt que disponibiliza gratuitamente, em todas as portas, casas de banho limpas e a cheirar a pêssego, um televisor, uma máquina de chá, café e derivados, e uma oferta alargadíssima de jornais em língua inglesa e alemã.
O 10 foi o trólei que mais usei em S. Petersburgo. Mas também me desloquei a bordo dos tróleis de linha 1, 5 e 7, de autocarros - apreciei muito o trajecto do 22, que me levou até ao Teatro Mariinsky (ainda muito conhecido como teatro Kirov), o ponto de partida para uma passeata a pé pela popular e efervescente área de Sennaya Ploschad, o cenário escolhido por Dostoievski para a intriga do romance Crime e Castigo.
Foi bestial matar as saudades do trólei, um veículo outrora muito usado no Porto e estupidamente abandonado, tal como o eléctrico, que apenas sobrevive em percursos reduzidos e com uma frequência tão escassa e religiosa que reduz a sua serventia à clientela de turistas que a Ryanair nos faz o favor de fornecer, não fazendo efectivamente parte da oferta de transportes públicos da cidade - ao contrário do que acontece em Lisboa que tem muito mais quilómetros de linha e onde, mesmo no famoso 18, a carreira turística por excelência, os camones convivem com os carteiristas e os alfacinhas da terceira idade que ainda vivem ao longo do itinerário.
Pintados de grenat, a cor da camisola da Selecção Nacional nos anos 60, os tróleis do Porto eram muito bonitos e distintos, qualificando por isso a paisagem urbana. O mesmo não se pode dizer do aspecto rude dos tróleis de S.Petersburgo. Mas, mais vale ter tróleis e eléctricos (recomendo vivamente as linhas 2 e 17) um bocadinho a puxar para o feio do que não os ter – penso eu de que….
O melhor elogio que posso fazer à eficiência da oferta articulada de tróleis, eléctricos (a circularem em via dedicada, não conflituando por isso com o resto do trânsito, o que aumenta a sua velocidade média e possibilita o cumprimento de horários) e autocarros de S. Petersburgo é que me desloquei a todos os locais onde quis sem nunca ter de recorrer ao metro, onde o bilhete de uma viagem era quatro rublos mais caro.
Antes de colocar um ponto final nesse post, quero que fique bem claro que estética não é o único nem o principal motivo desta minha nostalgia do trólei e eléctrico, mas sim a poupança de energia e do ambiente. Tenho dito!
Na minha casa, no Porto, tenho sempre generosas quantidades de boa vodka polaca no congelador, cortesia do Fernando, o meu primo que está emigrado em Cracóvia e me estraga com mimos. Gosto de vodka, que consumo moderadamente. As únicas bebidas que sou capaz de consumir sem moderação é água, chá gelado, espumantes brutos e vinho.
Gosto de vodka que (não sei se já vos disse…) consumo moderadamente, ao contrário do que acontece com o uísque, brandy e cognac que só bebo quando o rei faz anos - não sei que rei, ainda tenho de tirar isso a fonte limpa, talvez seja o Gustavo da Suécia, marido da Silvia, pai da Vitória e sogro daquele professor de ginástica com ar de serial killer.
É precisamente por apreciar uma vodka bem gelada, baptizada com um ou duas gotas de limão, que consumo moderadamente (vocês julgam que eu sou um bêbado tipo Boris Ielstin ou quê?!?), que dei por mim a pensar ser um pouco estranho ter passado sete dias em S. Petersburgo sem tocar com os lábios num copo de vodka.
Por junto e atacado, no capitulo do álcool, bebi dois copos de uma razoável cerveja local (Boyka) e uma data de copos de bons vinhos e espumantes portugueses durante os dois jantares em que participei com os produtores de vinho presentes na Portugal Market Week – o evento que em boa hora me trouxe até à cidade de Pedro, o Grande.
Não toquei na vodka russa com os lábios mas confesso ter-lhe tocado com as mãos, os dedos e os olhos, durante uma visita guiada que me foi proporcionada pelo Leonid Gelibterman, presidente da secção russa do International Center of Wine and Gastronomy, ao imenso corredor dedicado, de ambos os lados, a esta bebida no hipermercado O’ken, na periferia de S.Petersburgo, que me deixou com a vaga ideia que a Diplomat seria uma boa opção, no critério qualidade/preço que dita as nossas compras, se não se desse o caso de eu suspeitar que já não tinha espaço para garrafas na minha mala – e de, ainda por cima, ter em casa um stock apreciável, quer do ponto de vista de qualidade quer de quantidade.
Uma reflexão mais aprofundada sobre a momentosa e candente matéria de me ter abstido de beber vodka durante a minha recente estadia russa permitiu-me concluir que provavelmente isso de se deve à permanência no meu carácter de resquícios da rebeldia que marcou boa parte da vida adulto.
Gosto de romper com os convencionalismos. È por isso que estive em S. Petersburgo e não bebi vodka, que estive duas vezes em Berlim e não comi as famosas bolas locais, que estive duas vezes em Las Vegas e nunca joguei. E, a bem dizer, da última vez que fui a Roma, investi a manhã de domingo no Vaticano, mas estava tanta gente na praça de S. Pedro que não posso jurar que tenha mesmo conseguido vislumbrar o papa na janela.
Apesar de ainda muito jovem (não lhe perguntei a idade, mas estou em crer que é claramente sub 30) a Ludmila já é viúva. Bastante expansiva – das cinco tipas que conheci sábado passado, na secção de lingerie do department store Gostinnyi Dvor, foi aquela com quem conversei mais - foi ela própria que abordou o assunto, dando como explicação para não gostar desta cidade o facto de ter sido aqui assassinado o seu marido.
Inquiria sobre as circunstâncias que rodearam tão infausta ocorrência, mas ela limitou-se a responder, secamente, que tinha sido num night club e depois calou-se, pelo que parti do princípio que ela não queria aprofundar o assunto, pelo que mudei o tema da conversa para as diferenças entre S. Petersburgo (a região de onde são naturais Putin e Medveded) e Moscovo.
A Ludmila tem umas feições muito correctas (a beleza dela compensava largamente o lamentável robe azul cueca que trazia vestido) e uns modos encantadores, mas fiquei na dúvida sobre se não será um pouco fantasiosa – para não dizer mentirosa. Contou-me que vive em Moscovo, onde faz trabalhos de intérprete, depois de ter concluído um curso de línguas estrangeiras – inglês e alemão.
Na verdade é bastante fluente em inglês, que fala com um sotaque ligeiramente britânico, constrói bem as frases e evidencia ser senhora de um vocabulário bastante variado. Foi quando lhe perguntei se tinha nascido em Moscovo que comecei a desconfiar das histórias dela. A Ludmila alega que a sua família é do Cáucaso e que nasceu em Grozny, mas o tipo dela, loura natural e com a pele muito branca não rima com essas origens. Fiquei logo de pé atrás com ela. A Ludmila cheirou-me claramente a esturro.
Assim a olhómetro, S. Petersburgo é uma cidade habitada por gente muito jovem. Olhando para quem passa nas ruas diria que metade do pessoal é já pós-Gorbachov, ou seja pode ter nascido na URSS mas cresceu na Rússia.
Apesar do frio, são muitos os sinais de que o amor está no ar, desde a enorme quantidade de carrinhos de bebés até à quantidade de mães que vigiam os filhos nos parques de diversão dos jardins, passando pelos casamentos em que tropeçamos ao andar pela rua.
As traseiras da igreja do Sangue Derramado é um dos sítios onde se vê mais noivos fardados e atrelados aos convidados da boda e respectivo fotógrafo. Não foi à primeira que descobri a origem desta estranha concentração. Há uma tradição.
Não sei o que reza a tradição, mas sei como ela se manifesta. Os noivos vão à ponte sobre o canal que fica atrás do local onde foi assassinado o czar Alexandre II e deixam lá preso às grades um aloquete (artefacto designado por cadeado pelos portugueses nados e criados a sul do Mondego), com os nomes deles gravados e juras de amor eterno.
É uma tradição engraçada, mas nitidamente em contraciclo, pois cá (na Rússia) como lá (no resto da Europa) os casamentos duram cada vez menos - e não há aloquete que os salve.
Os cafés são peças essenciais no processo de conhecimento de uma cidade. Por muito bem que se tenha planificado o dia, é sempre preciso fazer correcções de rota e nada melhor do que a mesa de um café para, calma e confortavelmente, abrir o guia, espalhar o mapa, repensar trajectos, escrever novas cábulas, escolher o transporte público mais adequado para nos levar a um ponto de partida.
Sendo que os intervalos para café também permite descansar as pernas (que nestes casos sofrem sempre muito) e despertar os sentidos, ao beber o café propriamente dito – que ajuda a espantar o sono, pois ninguém, no seu perfeito juízo viaja até S. Petersburgo para desperdiçar 1/3 do dia na cama a dormir.
O café também é um refúgio a considerar em caso de mau tempo, querendo eu significar por mau tempo condições meteorológicas que prejudicam seriamente o passeio, como chuva inclemente (por contraste com a morrinha ou chuva molha tolos) ou temperaturas abaixo dos cinco graus negativos ou superiores a 35º C.
O tempo aqui em S. Petersburgo tem-se comportado bem. O sol sorriu durante todo o fim de semana, que esteve aceitavelmente frio (entre os 5º C e os zero). Segunda e terça apresentaram-se cinzentas mas sem chuva, e com uma ligeira subida de temperatura, que me possibilitou passear com o encerado Barbour desabotoado. Quarta de manhã choveu e até nevou (curioso nevar em Outubro), se bem que ligeiramente, mas à tarde a coisa compôs-se. Hoje está cinzento, céu fechado, mas está morno e não ameaça chuva.
Apesar de S. Petersburgo ser um porto com acesso ao Báltico, através do Golfo da Finlândia, a Starbucks ainda (?) não desembarcou aqui mas há uma cadeia local de cafés, identificável através do logo da foto que abre este post, com características em tudo semelhantes.
O café expresso não é barato (109 rublos, ou seja, quase dois euros e meio, mais do que cobra o Majestic) mas o ambiente é clean, há net wifi e deixam o cliente sossegado o tempo que quiser e a fazer o que quiser – seja a escrever crónicas, posts e postais ilustrados (como é o meu caso) seja a dar linguados tão intensos que a miúda até pode engravidar – como é o caso dos namorados que ocupam a mesa ao lado da minha – e que eu não tive lata para os fotografar.