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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Ter | 30.11.10

Uma pausa de dez minutos no jardim das Amoreiras

Jorge Fiel

 

O café que tomo, todas as 4ª feiras, por volta das 11h00, na esplanada do quiosque do Jardim das Amoreiras, em Lisboa, é um dos pequenos oásis que frequento na travessia da minha semana tipo.

Na 3ª à noite tenho de estar no Porto, por causa do programa Será Assim Tão Difícil? (o sujeito subentendido desta pergunta é a regionalização…), emitido em directo pelo Porto Canal.

Na 4ª, às 11h30, tenho de estar em Lisboa, no Hotel Amazónia (onde está o estúdio do Canal Q) para gravar o episódio semanal do programa Sacanas Sem Lei, apenas avistável na plataforma Meo, em que faço o meu papel de portista, contracenando com a benfiquista Leonor Pinhão e o sportinguista José de Pina.

Quando acaba a minha exibição no Porto Canal  - a mais das vezes triste, a televisão não é a minha praia (escrever ainda se dá um jeito mas ecrã…) mas uma pessoa tem de ganhar a vida e isto está difícil para todos – voo para casa e durmo depressa porque durante a semana o despertador está sintonizado para as 6h30.

No dia seguinte apanho o Alfa 120, que parte de Campanhã às 7h45 e me deixa em Santa Apolónia às 10h29, onde apanho o metro para o Rato, que fica a pouco mais de uma centena de metros do Jardim das Amoreiras (onde desagua a referida travessa da Fábrica dos Pentes), onde faço, por 60 cêntimos apenas, se o tempo não estiver péssimo, um intervalo de dez minutos nas minhas stressantes aventuras audiovisuais.

Seg | 29.11.10

Desde a adolescência que sou fanático por livros de bolso

Jorge Fiel

 

Há coisa de três semanas, tinha acabado de fazer uma entrevista (ao Miguel Mascarenhas do standvirtual e leilões.net) na avenida Marquês de Tomar, em Lisboa, entrei na livraria da Europa-América e depois de flanar por lá um bocado, decidi-me a comprar, por 6,95 euros, As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain, em edição da colecção Grandes Obras dos Livros de Bolso da editora fundada no final da II Guerra Mundial pelos irmãos Adelino e Francisco Lyon de Castro.

Foi um enorme prazer poder reler, nas viagens de metro entre o Cais de Sodré e Cabo Ruivo, e no comboio da linha de Cascais para S. João do Estoril,  as aventuras do Tom Sawyer e do seu fiel companheiro, o homeless Huckleberry Finn.

Sou fanático por livros de bolso, que, como o próprio nome, indica foram pensados para serem transportados para todo o lado no bolso do casaco, o que é mesmo muito conveniente.

No início da minha adolescência, investia a totalidade da mesada que o meu pai,  Alfredo da Costa Fiel (senhor de uma bela caligrafia, perícia importante para a sua profissão de escriturário do STCP até à revolução tecnológica que foi a massificação das máquinas de escrever) me dava, comprando semanalmente as revista Tintin, bem como os livros de bolso da colecção RTP (um iniciativa da Verbo, editora conotada com o Estado Novo) e da Europa-América (de orientação claramente oposicionista, logo declarada no volume inaugural: Esteiros, de Soeiro Pereira Gomes), numa tabacaria de uma senhora cujo nome lamentavelmente esqueci, que ficava junto à esquina da avenida Rodrigues de Freitas (onde eu morava, ali ao lado, no 304) com o beco do Pedregulho.

A colecção da RTP acabou aos 100, enquanto que, muito felizmente, a da Europa-América sobreviveu ao 25 de Abril e ao 25 de Novembro, à adesão à CEE, ao euro – e espero se mantenha viva por muitos e longos anos, apesar da ameaça dos e.books e da nova cultura digital.

Tenho um dívida de gratidão para com a revista Tintin (cuja colecção completa ainda tenho, encadernada) e a estas duas colecções de bolso, que foram a base da minha cultura, que teve como levedura as oito a nove horas que passava por dia, durante as férias grandes, na Biblioteca Municipal do Porto, ao jardim de S. Lázaro, a devorar volumes encadernados do Mundo de Aventuras, Falcão, Ciclone e de outras publicações, à época distribuídas pela Agência Portuguesa de Revistas.

 

Dom | 28.11.10

O pequeno almoço à francesa

Jorge Fiel

O dominical pequeno almoço à francesa é um dos pequenos prazeres âncora da minha triste semana-tipo.

Levanto-me da cama quando já não consigo ouvir mais o João (nascido no ano 2000) a protestar, dizendo que está cheio de fome, visto-me (sem tomar banho), pego na carrinha Fiat Marea (comprada em 2001) e vou até à Boulangerie de Paris, que fica na rua Gonçalo Sampaio, ao lado do Península e em frente ao Centro Comercial do Bom Sucesso.

Para mim trago sempre um pain au raisin. Para o resto da freguesia, a ementa vai variando, umas vezes é o croissant normal, outras é o croissant com amêndoa ou o pain au chocolat .

Hoje além do pain au raisin (0,90 euros), trouxe dois croissants amêndoa (1,80), bem como pão  –  baguette (0,75) e três pães especiais (um com noz e bacon, outro com azeitona, e um último com passas, todo por 1,20)  - , bem como pastéis para sobremesa: dois Paris-Brest (o normal a 1,55, o com morangos por 1,75) e uma Religieuse de chocolate (1,55).

Por 9,50 euros, está praticamente assegurado um dia feliz.

O pequeno almoço à francesa é acompanhado por sumo de laranja (marca própria Continente ou Pingo Doce (ambos muito bons) e chá verde frio. Nos domingos quentes de Verão é consumido na varanda da sala, com vista para a avenida da Boavista e o Graham. Nas manhãs frias é comido na cama – é muito confortável mas ficam sempre migalhas nos lençóis apesar de eu trazer sempre no tabuleiro os indispensáveis pratos, garfos, facas e guardanapos. Parece ser uma fatalidade do breakfast in bed

Dom | 07.11.10

Vermelhusco atrapalha o trânsito

Jorge Fiel

O autocarro do Benfica, estacionado junto ao Porto Palácio, estava bem guardado, por dois carros e uma carrinha da Polícia de Choque (e respectivas guarnições apetrechadas com armas de fogo), quando passei por ele hoje, às oito da manhã, a caminho da Boulangerie de Paris para comprar o pequeno almoço para a família (um pain aux raisins, um croissant simples, um croissant de amêndoa e um pain au chocolat) e uma baguete de cereais para o almoço, que tudo leva a crer vai ser arroz de pato.

O povo é sereno, apesar do vermelhusco estar a atrapalhar o trânsito, uma vez que o perímetro de segurança montado pela polícia ocupa uma das duas faixas de rodagem da avenida da Boavista, no sentido ascendente.