Não há bela sem senão, e o Ibis London City não é excepção a esta boa velha regra.
O quarto 444 apresentou-se correctíssimo, com vista para o pepino que Foster fez para a Swiss Re (ver fotografia) e equipado com uma chaleira e saquinhos de chá.
Todavia tenho três pequenas observações a registar:
1.Como me esqueci do adaptador (culpa minha), quando fiz o check in perguntei à Mercedes se o hotel me podia emprestar um. Ela prontamente nos sossegou. Se não tivesse um adaptador no quarto, bastava voltar à recepção e pedir-lhe que ela logo me arranjaria um. No quarto não havia, mas quando voltei à recepção, no lugar da Mercedes estava uma polaca de Poznan que ganharia se fizesse dieta e me explicou que o stock de adaptadores estava todo ao serviço dos hóspedes. Não havia nenhum disponível;
2.Ao contrário do que sucede nos hotéis parisienses desta cadeia, os quartos do Ibis London City não estão apetrechados com secador, o que não me afecta (a quantidade de cabelos que me restam não exige esse aparelho) mas constituiu uma pequena contrariedade para a Isabel;
3.Em Agosto, no Ibis Bastille, beneficiei de Internet Wi Fi gratuita. No Ibis London City era paga e cara, uma vez que está embrulhada num pacote diário que custa 9,99 libras, que incluiu acesso ilimitado aos canais de filmes pagos (blockbusters e para adultos) do circuito interno de televisão. Este sistema poupa embaraços aos caixeiros viajantes na apresentação de contas, pois o preço do filme porno vem dissimulado pela Internet, mas não é vantajosa para quem só quer mesmo consultar diariamente a sua caixa de correio electrónica.
Ibis London City, East End, Londres,4 Dezembro 2009
Encostamos a barriga ao balcão do Ibis London City ainda um pouco antes das dez da manhã (Liverpool Street Station, a estação terminal do Stansted Express, fica mesmo ali ao lado). Apesar de ainda ser muito cedo, a Mercedes arranjou-nos logo quarto.
Daquelas moças salerosas que só a Espanha sabe fazer, a Mercedes declarou-se estremenha de Cáceres, o que abriu a porta para fazer conversa sobre o Atrio, o restaurante da terra dela distinguido com duas estrelas Michelin e cuja comida tive oportunidade de degustar, algures na década de 90, na companhia da Manuela e do Luís, que têm uma casa raiana, junto às Termas de Monfortinho.
Apesar de ser do Atrio pertencer a uns seus parentes "lejanos" (afastados), a Mercedes ainda lá não comeu, mas, logo nos sossegou garantindo que deliciar-se com o menu "degustación" do mais conceituado restaurante de Cáceres faz parte dos seus planos de curto prazo.
Ibis London City, Commercial Street, Londres, 4 Dezembro 2009
Não é para me gabar, mas estou completamente convencido de que mais uma vez acertei em cheio na escolha do hotel, o Ibis London City, que fica na Commercial Street, ou seja em plena zona de fronteira entre o fervilhante East End e a City, umas das maiores praças financeiras mundiais, que não cessa de surpreender o visitante com a exuberância da sua arquitectura e com uma skyline em permanentemente mudança, marcada por dezenas de gruas em actividade.
O Ibis de Commercial Street ficou relativamente barato (332,50 libras o quarto duplo, por cinco noites, sem pequeno almoço), fica a menos de cem metros da estação de Aldgate East (que está em obras há mais de dois anos, mas podemos viver perfeitamente com isso), servida pelas linhas District (verde) e Hammersmith (rosa) do Underground, com muitas paragens de autocarro nas imediações e a uma distância andável de Liverpool Street Station.
A humanidade divide-se em dois grandes grupos. De um lado, o bom, estão as pessoas como eu que adoram ostras, principalmente se à dúzia e em boa companhia , ou seja, com uma garrafa de Moet & Chandon Brut Imperial Rosé e a mulher que nos faz trepar paredes, um conjunto que deve preferencialmente ser degustado a meio da noite, para retemperar forças para a segunda parte, num quarto de um cinco estelas parisiense, ou numa suite do último andar do Hotel Marmara, de Taksim, em Istambul, com uma vista deslumbrante sobre o Bósforo.
Do outro, o mau, estão as pessoas que detestam ostras e que devido a esta intransigência gastronómico-gustativa são sérias candidatas a morrerem sem experimentar um dos grandes prazeres que se pode levar desta vida.
Mais do que a religião, ser keynesiano ou liberal, sexo, cor de pele, ideologia, ser keynesiano ou liberal, ou opinião sobre o casamento gay, é a posição sobre as ostras que define o nossos verdadeiro carácter e revela a atitude com que encaramos à vida.
Posto isto, mal desembarcamos na Liverpool Street Station, a primeira coisa que fizemos foi munirmo-nos de uma ostra, que é como se chama o passe mágico que nos habilita não ter de comprar bilhete sempre que queremos entrar num dos 20 mil dobledeckers vermelhos característicos de Londres - ou engrossas a multidão de três milhões de utilizadores diários do Tube.
O passe individual Oyster, válido para as zonas 1 e 2 (o que chega e sobra para as nossas necessidades) durante sete dias, importa em 28 libras, ou seja pouco mais de 30 euros, a que pode descontar três libras se for previdente como eu e tiver guardado o cartão usado da última vez que veio a Londres.
Foi uma dupla estreia: na companhia (Ryanair) e no aeroporto. Stansted fica a 55 km do centro de Londres, ou seja a uma distância pouco superior a Heathrow ou Gatwick. Não está servido por metro, mas tem ligações regulares de autocarro e comboio.
Ao lado do check in da Ryanair no Sá Carneiro há uma pequena barraca improvisada onde são vendidos bilhetes para ligações rodoviárias dos aeroportos aos centros das cidades destino da companhia
Aviagem de autocarro de Stansted para Liverpool Street Station era vendida a nove euros o trajecto, acompanhada da garantia de desconto, em caso de compra de ida e volta, e de que o histórico revelava que durava apenas mais dez a 15 minutos que a viagem de comboio.
Não arrisquei. À ida, apesar de ir entrar em Londres por volta das nove da manhã, tínhamos tempo e podíamos viver bem com engarrafamentos provocados por acidentes rodoviários. Mas no regresso a coisa pia mais fino, pois um avião é uma coisa grande e cara demais para perder.
Tinham-me dito que fazia parte do programa das vendas a bordo, a comercialização a preços catitas de bilhetes de ida e volta para Londres no comboio Stansted Express.
A venda não ocorreu e por isso fui obrigado a comprar os bilhetes para o comboio à chegada, no balcão da British Rail, a 28 euros por cabeça a ida e volta.
Uma aprofundada investigação, permitiu-me apurar que é o bom e velho espírito de iniciativa e empreendedor que nos caracteriza a nós, nortenhos, que está na origem da Ryanair ter deixado de vender os bilhetes com desconto para o Stansted Express.
A história conta-se em duas penadas. A British Rail detectou bilhetes falsificados no Stansted Express e rapidamente apurou que eles tinham sido vendidos pela Ryanair. Informada do drama, a companhia procedeu a uma investigação interna em todas as suas 37 bases europeias e conclui que o Porto era a única origem dos bilhetes falsos.
A malta cá é assim. Não dorme em serviço. Não desperdiça uma boa oportunidade de fazer uns dinheirinhos com pouco trabalho e limpos de impostos. Se toda a gente fosse como nós, o país já há muito que estava a andar para a frente.
Porto, Sá Carneiro- Londres, Stansted (4 Dezembro 2009)
Não sei porquê,mas esta moçoila não estava ao serviço do voo 8344 para Stansted
O pessoal da Ryanair é bem humorado. Comemorando o facto de ter destronado a Lufthansa do primeiro lugar do ranking das companhias aéreas europeias mais pontuais, alguns dos aviões da companhia irlandesa têm pintado no seu corpo, em letras bem grandes, o remoque: Bye, bye Late Hansa.
O orgulho pela pontualidade, foi celebrado logo após o Boeing ter aterrado aos trambolhões na pista de Stansted, com um estridente toque de corneta transmitido pela instalação sonora e acompanhado da proclamação de mais um voo on time!
Porto, Sá Carneiro- Londres,Stansted (4 Dezembro 2009)
Eu já tinha uma excelente impressão do Michael Leary (na foto) desde que ele deu, em 2004, uma conferência de imprensa vestido com uma camisola do FC Porto que tinha acabado de se sagrar campeão europeu e de exportar para o Chelsea o Mourinho e alguns jogadores, num valor global superior a 50 milhões de euros.
Agora a impressão virou admiração. É a este irlandês que o Porto deve o facto de todos os dias, por volta das cinco e meia da manhã, ser hora de ponta nas lojas, cafés e quiosques do aeroporto Sá Carneiro – e haver filas para os aparelhos de Raio X e para o controlo dos BI (no caso do voo para Londres, já que a Inglaterra não é Schengen).
A TAP, com a cumplicidade da ANA, tentou estrangular o Sá Carneiro, ao concentrar em Lisboa rotas directas do Porto para o estrangeiro. O primeiro balão de oxigénio que permitiu o nosso aeroporto respirar, foi administrado pela Lufhansa que logo identificou na deserção da TAP uma oportunidade e aumentou a frequência das ligações diárias Porto-Frankfurt.
Assim como assim, qualquer nortenho que se preze, prefere usar Frankfurt como hub, em vez de Lisboa, e voar na Lufthansa, em vez da TAP.
Mas foram as low cost (a Easyjet também, mas essencialmente a Ryanair) que permitiram que o nosso aeroporto pusesse a cabeça fora de água e as suas belas e modernas instalações não parecessem um edifício fantasma, tão despovoado de gentes como o deserto do Sara.
Ao instalar uma base no Porto, onde dormem diariamente três aviões, a Ryanair oferece a todos os galegos do Norte (os galegos propriamente ditos) ou do Sul (os nortenhos, como eu) ligações aéreas a baixo preço, por voltas das 6h30 da manhã, para Madrid, Paris e Londres. E permite suplementarmente aproveitar a maior parte do dia de regresso nessas capitais, voando de noite para o Porto.
Porto, Sá Carneiro- Londres,Stansted (4 Dezembro 2009)
Eu já tinha viajado na Easyjet para Geneve. Mas a Ryanair é muito mais divertida. A começar pelos aviões, com aqueles arrebites na ponta das asas (ver foto), e a acabar na agitação de vendas a bordo que incluem raspadinhas, preenchem a viagem e impedem a monotonia.
As vendas a bordo são espectaculares e fundamentam que a revista da companhia seja a única coisa que é distribuída de borla (é o catálogo das vendas), mas que são mais emprestadas do que dadas, uma vez que um pouco antes do avião começar a descer para Stansted, as aeromoças (fardas num tom de azul que não me encanta) dão-se ao trabalho de as recolherem.
O interior de avião começa a cheirar a restaurante italiano depois de se iniciar a venda de fatias de pizza. As cervejas estavam em promoção, duas pelo preço de uma, mas as latinhas são tão pequeninas que as duas juntas não devem somar 33 cl.
Michael O’ Leary deu uma nova dimensão à frase “não há fumo sem fogo” ao promover a venda, nos voos da Ryanair, de cigarros que se podem fumar consumir a bordo, porque apesar de conterem a dose regulamentar de nicotina não deitam fumo nem cheiro. Uma maravilha!
Não comprei nada, mas fiquei de olho em duas coisas:
a)Um aparelho que nos impede de ressonar. Não sei se já vos disse mas tenho pavor de adormecer nas viagens de avião ou comboio, porque posso começar a roncar e acordar com os olhares reprovadores dos passageiros concentrados em mim;
b)Um truque para pesar a bagagem, que é de grande utilidade para os passageiros frequentes da Ryanair, uma vez que a companhia é muito rigorosa neste particular. Por 20 euros compramos o direito a levar uma mala no porão, que pese um máximo de 15 kg e 800 gr. Mais do que isso estamos a pagar. E de bagagem de mão só estamos autorizados a um máximo de dez kg e um só volume (sendo que casacos e malas de senhora também contam na contagem dos volumes.
Porto, Sá Carneiro-Londres, Stansted (4 Dezembro 2009)