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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Dom | 01.03.09

A história triste do javardo da falsa parelha sexy libanesa que actuou no Pérola Negra nos anos 80

Jorge Fiel

A Gina Lollobrigida tinha um aspecto muito saudável

“Gostava de ir até um festival de sexo, em Barcelona, algures no mês de Outubro, onde dizem haver um bar com um palco onde toda a gente se desforra das inibições que o menino Jesus nos deu com estranhos e/ou namorados (as). Parece que aí as happy hours não são bem de bebidas, mas que também é preciso destreza para acertar…digamos no ‘coiso’”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 156

 

O sexo é apenas um dos domínios em que o Porto esteve claramente na vanguarda do país.

Penso que não andarei longe da verdade se atribuir ao Pérola Negra (na esquina da Gonçalo Cristóvão com a rua de Camões), o lugar de pioneiro na exibição de espectáculos de sexo ao vivo em Portugal.

Lembro-me perfeitamente de uma noite em que, após termos fechado mais uma edição do jornal centenário mas sempre actual (“O Comércio do Porto”), nos dirigimos em bando para o Pérola, onde fizemos uma escala técnica antes de terminarmos a noite no Paju (um pouco mais acima, em Faria Guimarães).

Estava em cartaz nessa noite uma parelha sexy libanesa. Chegamos a tempo da terceira e última exibição da noite.

O libanês bem apalpava a libanesa, e a libanesa bem se esforçava por excitar o libanês, mas era claro que não iria ser simples levar o pirilau do libanês a desafiar a gravidade. Até que, como quem não quer a coisa, o libanês se recolheu atrás de um pequeno biombo.

“O javardo está a tentar por o pau de pé com uma punheta!”, denunciou, aos berros, um dos espectadores, cuja posição geo-estratégica na sala lhe permitia desfrutar de um ângulo de visão privilegiado para trás do biombo.

“Javardo é você, seu filho da puta! Gostava de o ver aqui a fazer isto em público três vezes ao dia, sempre com a mesma gaja”, respondeu furibundo, com o pendericalho ao dependuro, o falso libanês.

Esta resposta calou-me fundo. Na verdade, é muito fácil um treinador de bancada pôr-se a arrotar postas de pescada. Já mais difícil era a falsa parelha fácil libanesa ganhar a vida a quecar três vezes por dia em público, à hora marcada.

Por estas e outras razões, declaro não partilhar da fantasia da autora, já que me sentiria absolutamente incapaz de estar a fazer sexo em público. Mesmo que fosse em Barcelona e a promitente parceira fosse a Gina Lollobrigida quando tinha 40 anos (o que aconteceu no já longínquo ano de 1967).

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