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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Sab | 28.02.09

A maldição "Ana, Ana és tão boa!!!" e uma anedota que o Eduardo Gageiro me contou em Nova Iorque

Jorge Fiel

A autora (Ana Anes) numa foto que tem todo o aspecto de ser do Luiz Carvalho , mas afinal não é dele, mas sim do Didelet

 

“Gostava que alguns dos meus ex-namorados tivessem em vez da maldição comum e pouco criativa da pós separação, da impotência ou da ejaculação precoce, a maldição de estarem na cama com as futuras ‘sejam- lá- o- quê’ e só lhes chamarem o meu nome e não sair outra coisa da boca deles a não ser ‘Ana, Ana és tão boa!!!!” e, lá está, se fosse em momentos de clímax a gerência ficava muito grata’”.

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 156

A natureza humana é vingativa.

Por isso mesmo, compreendo, mas não apoio (e até censuro) o lançamento pelas mulheres ultrajadas de maldições soezes sobre os ex- , tais como as sumariamente descritas pela autora (apesar de tudo a maldição da ejaculação precoce parece-me mais suave e aceitável do que a da impotência).

A autora não se revela ser uma vingadora da linha dura. Até me parece light a maldição de os seus ex- tratarem, na cama, pelo nome dela as suas sucessoras (as tais "sejam-lá-o-quê", expressão abrangente onde se podem incluir amantes, namoradas, fadas do lar, one night stands, amizades coloridas e ofícios correlativos).

Tenho a certeza que ao longo da minha vida, na hora da despedida,  nunca desejei embaraços desses a nenhum das minhas ex-. Mas cada qual é como cada um e as mulheres são diferentes dos homens e, em certo sentido, é magnífico que assim seja.

O facto de Ana ser um nome relativamente comum conspira a favor da autora, já que a sua maldição/fantasia pode ser contornada com alguma facilidade pelos seus ex- . Basta-lhes encontrarem uma outra Ana e a maldição fica sem efeito (se a autora se chamasse Hermengarda esta maldição seria muito muito mais terrível).

Podem urrar “Ana, Ana és tão boa!!!” enquanto se explicam e não arranjarem por isso qualquer tipo de problemas.

PS:. Estive pela primeira vez em Nova Iorque em 1987, a convite da TAP. Andava às compras com o Eduardo Gageiro (adquirimos juntos o nosso primeiro vídeo, um Panasonic) quando ele me perguntou :

“ Sabes o que é que diz uma gaja depois de ter dado uma queca fabulosa?”

Disse-lhe que não e ele respondeu:

“Obrigado Gageiro”.

Sex | 27.02.09

As novelas de Corin Tellado, as sete fantasias de Ana Anes e de como as aparências podem iludir

Jorge Fiel

 

“Adorava ver os meus chefes, directores e editores aparecerem todos nus em reuniões para lhes ver o ‘material’, para posterior classificação e subsequente ‘ataque do material’ (é a isto que se chama separação da vida pessoal da profissional)”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 155

 

A autora encerra esta sua obra seminal com uma crónica intitulada “Qual a sua mais fantástica fantasia’”, publicada originalmente na Maxmen (não sei porquê mas acho que, excluindo uma peça sobre desporto para a GQ, nunca me convidaram para escrever em revistas masculinas ou femininas).

Neste artigo, Ana inventaria sete das suas fantasias, umas mais depravadas do que outras (é a vida, como diria o camarada Guterres) , como as preclaras e preclaros vão ter oportunidade de saber ao longo desta próxima semana.

Com alguns comentários disparatados às setes fantasias da Ana Anes vou concluir esta acidentada Enciclopédia do Sexo, em fascículos e deficientemente ilustrada por razões de força maior.

Vou aproveitar os próximos sete dias para proceder a um profundo exame retrospectivo e decidir o que fazer a esta Lavandaria, que ficou um pouco avariada ao ver-se privada das fotografias que em má hora achei por bem domiciliar no flickr (a propósito, atiro vários pares de sapatos velhos à cabeça dos moralistas do decadente yahoo!).

Custa-me acabar com este blogue, depois de ele ter sobrevivido à minha saída do Expresso, e agora que no seu segundo fôlego no Sapo se prepara para atingir a marca redonda e bonita de 100 mil visitas.

Mas sinto que preciso do tempo que invisto aqui para actividades lucrativas. Não sei se já repararam, mas anda por ai um crise tramada.

Anda a apetecer-me escrever uma novela romântica e soft, estilo Corin Tellado. Uma das hipóteses que encaro é escrevê-la aqui em capítulos, talvez com a ajuda das preclaras e preclaros, que no final de cada um poderiam indicar a sua preferência sobre o desenvolvimento da acção.

Enquanto discorro sobre as sete fantasias da autora, vou pensar muito seriamente neste projecto.

Mais tarde voltaremos a trocar algumas ideias sobre este assunto.

A propósito da primeira fantasia, o que se me oferece dizer à autora é que nem sempre o tamanho do pirilau na posição de descanso é revelador da envergadura que ele pode atingir quando devidamente entusiasmado. As aparências iludem.

Qui | 26.02.09

Estou de luto porque o meu Chveik ficou maneta

Jorge Fiel

Interrompo hoje a publicação da Enciclopédia Sexual por um motivo de força maior. Estou de luto. A Leonor (a senhora que trata das limpezas cá em casa) partiu a estatueta de porcelana do Chveik que eu comprei há uns ano na cervejaria O Cálice, em Praga, onde Jaroslav Hasek situou o início da acção de "O valente soldado Chveik".

Demonstrando uma enorme insensibilidade (que não surpreende porque se ela fosse sensível muito provavelmente seria poeta, cabeleira ou proprietária de uma galeria de arte), a Leonor entrou-me pelo escritório dentro anunciando-me que “partira o polícia” (como se o bom do Chveik pudesse ser um polícia, valha-nos Deus) e acrescentando que “fora sem querer” – buscando assim atenuantes para a monstruosidade do seu acto na ausência de premeditação.

Fiquei como o camarada Guterres declarou estar a seguir à derrota eleitoral do Ferro Rodrigues (em estado de choque) quando reparei que ela se preparava para o inumar, sem dó nem piedade, despejando os cacos remanescentes no balde do lixo da cozinha. Interrompi esse acto bárbaro e irreflectido e estudei a situação.

O tronco e a cabeça sobreviveram à fúria devastadora com que a Leonor limpa o pó. A base partiu-se em três bocados, mas já os consegui colar. O principal problema, que não vejo jeito de resolver, é o do braço que estava a fazer a continência.

O braço direito do Chveik estilhaçou em nove pedaços, alguns deles tão pequenos como um dedo, que ainda não conseguir apurar se se trata ou não do polegar. Guardei tudo numa caixa de chá, para tentar a reconstituição quando tiver tempo e paciência. Para já, o meu Chveik dá um bocado ares de Victoria de Samotrácia.

Quero a propósito deixar aqui escrito que “O valente soldado Chveik” , do checo Hasek, é um espectacular compêndio de humor e um fantástico hino ao anti-militarismo.

Li-o avidamente e com prazer, quando tinha 15 anos, numa belíssima edição de Maio de 1971 da colecção de Livros de Bolso da Europa América, que ainda preservo.

Não tenho qualquer dúvida em declarar que derar que foi (pelo menos) um dos dez melhores e mais marcantes livros que li em toda a minha vida. Que me perdoem os espíritos dos milhões de mortos e gaseados, mas quase faz sentido que tenha havido a I Guerra Mundial para dar a Hasek o pretexto para escrever esta notável obra prima .

Já terei de ser mais comedido quanto à cervejaria O Cálice, onde estive por duas vezes. Fiquei com a ideia que se tornou uma coisa cara para turistas e que vive à custa da fama que Hasek lhe deu.

 

Qua | 25.02.09

Quem tem boca vai a Roma

Jorge Fiel

 

 

“E nós, levadas da breca, fazemos o nosso papel, para os pobres coitados (Nota: os homens sem jeito para o minete) não ficarem cheios de complexos (de vez em quando, algumas tomam coragem e dizem: ‘querido não te importas de fazer assim ou assado?’, coisa rara, enfim). Depois há cerca de 10% que têm jeito prà coisa, um potencial elevado para fazer um minete-colibri: bate as asinhas e truca! Acerta no alvo, sem grandes lambidelas nem aparato. Finalmente vêm os abençoados 10% que são um misto dos anteriores mas que já leram os livros da especialidade e fazem os minetes de oiro. São os chamados Meninos de Oiro. Coisa rara nos dias que correm”.

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 136

 

Com esta citação encerro, por assim dizer com chave de oiro, o capítulo dedicado ao minete nesta Enciclopédia Sexual, em fascículos mas pouco ilustrada, da Lavandaria.

Que eu tenha reparado ainda ninguém se queixou em voz alta da quantidade de posts dedicadas a este tema, mas de qualquer maneira eu explico-me.

Demorei-me propositadamente no minete, para calar eventuais acusações de sexismo à Lavandaria,  concedendo-lhe o mesmo tempo de antena que foi dedicado ao broche.

Fornecida esta explicação, acho que a autora torna claro que a chave para o bom minete reside numa estreita e sã cooperação entre as partes.

Se faz parte da maioria silenciosa dos 80% que não são Meninos de Oiro e não nasceram predestinados para a coisa, o caminho está no treino e na conversa. É a falar que as pessoas se entendem.

Se não é naturalmente dotado para o minete deve solicitar instruções pormenorizadas à sua parceira, que deve orientar a sua actividade exactamente com o mesmo detalhe, serenidade, profissionalismo e paixão com que os controladores aéreas orientam os aviões nas sempre delicadas manobras de aproximação à pista.

Como diz o povo, na sua imensa sabedoria, quem tem boca vai a Roma.

Ter | 24.02.09

Tudo se resume a uma questão de má lingua

Jorge Fiel

 

“E todos eles convencidos que são ‘os maiores’ nesta lide particular (o minete). Burros! Ora, da mesma forma que nós, grandes falsas, esperneamos, dizemos ’ Ahhhh! Sim! Huuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuum!’ e fazemos gestos tipo canal 18 a fingir um orgasmo, o mesmo fazemos quando nos estão a meter a cara entre as pernas. Assumindo uma posição tipo drª  Ruth  - é o que me chama a minha editora, a minha querida Joana Petiz -  arrisco dizer que 80% dos homens fazem um minete como um São Bernardo a lamber as vítimas perdidas na neve. Lambe, lambe, lambe…sem saber porquê, para onde e porque raio lambe”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 136

 

Como as preclaras e preclaros mais atentos já devem ter reparado, desapareceram as imagens da revista Gina e das BD Clic, de Manara, e História de O, de Crepax, que ilustravam  a esmagadora maioria dos posts desta Enciclopédia Ilustrada do Sexo, que tenho vindo a publicar em fascículos, com uma regularidade impressionante e o sacrifício de partes não negligenciáveis do meu tempo livre e reputação.

A enciclopédia deixou de ser profusamente ilustrada porque essas fotos (as que se evaporaram) estavam alojadas no Flickr (um serviço do Yahoo, um motor de busca que ainda consegue ser mais decrépito do que eu), de que fui excluído, presumo que por indecência, por uma alma gémea do procurador de Torres Vedras que emergiu do anonimato este Carnaval.

O que se me oferece dizer é que estou profundamente convencido que o responsável pela essa minha exclusão é ainda mais incompetente a fazer minetes que o São Bernardo referido pela autora (numa imagem poderosíssima, sublinhe-se!), chucha no polegar às escondidas e censuraria, por pornografia, o mais famoso quadro do Courbet.

Apesar disso, o reino dos Céus será dele – e de todos os outros pobres de espírito bem aventurados.

Simbolicamente atiro-lhe um tomate podre a ele - e um ovo (também podre) ao yahoo. Se preferirem, pode ser ao contrário. E faço minhas as palavras do Einstein.

Ao fim e ao cabo, tudo se resume a uma questão de má língua.

Pedindo desculpa a todas as preclaras e preclaros pelo tom algo avinagrado deste post, paro por aqui e vou fazer horas para o jogo do Porto lendo mais umas páginas do emocionante Criado Secreto do Daniel Silva.

Seg | 23.02.09

É com muita prática que se apanha o jeito!

Jorge Fiel

Para o minete ser de qualidade não é obrigatório a beneficiária pôr-se em posições tão acrobáticas como esta em que Ghitta (in Mamas de Sonho, Gina nº 187) se colocou para ser passada a pano por Kenneth, o infeliz que contratou os seus serviços para ver se se animava depois de perdido o emprego como vendedor, estampado o carro que não tinha ainda acabado de pagar e saber que a sua mulher lhe pôs os cornos e fugiu com o seu melhor amigo 

 

“Nós o que queríamos mesmo era homens que soubessem fazer um minete comme il faut. Eu explico: estas almas penadas vieram ao mundo com um gene que lhes meteu automaticamente na cabeça que fazer um bom minete é um dado adquirido. Pois aqui vai uma pequena notícia: não é !!! E o mais giro é que, perguntando aos desgraçados dos meus amigos, ex’s e afins (logo o leque é grande e a probabilidade de acertar é quase como a da EuroSondagem), todos eles acham que fazem o minete! Extraordinário”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 137

 

Ora aqui temos uma lição de humildade de que nós, homens, na generalidade, estávamos mesmo a precisar.

Como ninguém nasce ensinado, é de uma enorme soberba pensarmos que desembarcamos neste mundo, trazidos da Paris no bico de uma cegonha, já a saber como administrar um minete com competência e eficácia!

A autora está carregadinha de razão quando diz que fazer um bom minete não é um dado adquirido. Não é – acrescentaria eu – um dom inato.

Todos nós tivemos de aprender a ler, a escrever (enfim, alguns!), a nadar, a andar de bicicleta (nem todos), a conduzir um carro e a evitar sermos apanhado pelo balão da Brigada de Trânsito com mais álcool do que seria desejável na corrente sanguínea.

Como a arte de fazer um bom minete não é ensinada nas escolas (creio que a reduzida carga horária das aulas de Educação Sexual impediu esta operação de constar do programa)  resta a todos os preclaros tornarem-se autodidactas.

Como nos ensinou o velho presidente Mao, é da prática de onde vêm as ideias justas. Ao que eu acrescento: é com muita prática que se apanha o jeito para um bom minete.

Trabalho, muito trabalho, como recomenda o palmelão Octávio. Muito treino em casa, com a querida, é o único caminho para a excelência.

Para o caso de ainda não ter consciência disso, o único dicionário é o único sítio do mundo onde o sucesso aparece antes do trabalho.

 

Dom | 22.02.09

Será melhor ter a reputação de gostar de ser sodomizada ou de ser uma gastadora compulsiva?

Jorge Fiel

 

O ( Hisóoria de O, de Guido Crepax) prepara-se para ganhar a reputação de adorar ser sodomizada  

 

“Se eles gostam de sexo anal? Sim, sem dúvida. Se elas gostam? Algumas sim, mas a maioria preferia seguir os procedimentos normais e fazem-no porque se não o fizerem lá vão eles, em jantares entre amigos bem regados, dizer ‘esta não gosta de apanhar no dito’. Ora isso é muito mais vexante, para nós, mulheres, do que ser desleixada, não fazer a cama ou ser gastadora compulsiva”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 120

 

A propósito de Sócrates e do caso Freeport, Miguel Sousa Tavares escreveu: “Um homem é aquilo que é, mais aquilo que faz e acontece”.

A propósito do sexo anal, a autora glosa o mesmo mote e escreve, por outras palavras, que “uma mulher é aquilo que é, mais aquilo que faz e acontece” - sendo que entre as suas acções e ocorrências tem um lugar de destaque a reputação de gostar ou não de levar no dito.

Quando andava nos últimos anos do liceu, nas conversas de rapazes, bem regadas a café, todos nos queixávamos da recusa das nossas namoradas em nos darem acesso ao orifício traseiro.

Mas havia a esperança de que esta atitude intransigente não afectasse todo o mulherio – esperança arquitectada no boato persistente de que a namorada do Luciano apreciava bastante esta abordagem menos ortodoxa.

Nunca consegui apurar ao certo se este boato era ou não verdadeiro, se se fundamentava numa inconfidência do Luciano (ou até da própria namorada…), ou tinha origem numa campanha negra ou cor-de-rosa .

Na verdade, nunca tive a coragem para pôr a questão em pratos limpos perguntando ao Luciano, com toda a frontalidade, se era verdade que a namorada gostava de levar no cu.

Por maioria de razão, também não pus essa questão à namorada dele, uma miúda muito magra e frágil (ou seja, com pouco arcaboiço para aguentar hostilidades muito violentas), com ar de ser ainda mais miúda do que efectivamente era.

Recordo este caso da namorada do Luciano que alegadamente gostava de levar no cu, porque a autora transportou esta questão do sexo anal para o domínio da reputação.

Estou tentado em dar-lhe razão. Face ao desejo generalizado dos homens em praticar sexo anal, uma mulher ter a reputação de acolher amigavelmente (até com gosto) esta pretensão só contribuirá para elevar drasticamente a procura de que é alvo.

Sab | 21.02.09

Camarões, lampreia ou polvo?

Jorge Fiel

Na vossa douta opinião, Barbara (que aparece confortada, naa sua posição acrobática, por Chloe nesta cena da história Trio Caliente, Gina nº 192)  encara o que Fritz (que não se vê na imagem) lhe está a fazer como marisco, lampreia ou polvo?

 

“Para mim, o sexo anal é uma questão meramente festiva, um dia para desenjoar dos outros, em que se faz uma refeição diferente. E francamente, segundo relatos que me chegam, quanto aos homens que gostam de sexo anal e que não descansam enquanto lá não mergulharem o ‘palito de la reine’ mais parece um episódio da BBC Wild Life. Parece um pesadelo primitivo a cena de alguém que não pára de dizer ‘quero o teu cu, quero o teu cu! Qual babuíno histérico à beira do Apocalipse”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 119120

 

Basta pensarmos no cardeal patriarca de Lisboa, na Paris Hilton, no Paulo Portas e no Montazer Al-Zaidi (1) para termos a dimensão de como a humanidade é gigantesco mosaico de gentes com gostos, costumes, crenças e prazeres diversos.

A autora olha para o sexo anal com aquela negligência blasé que eu dispenso ao marisco. Pratica-o, de quando em vez, em dias de festa, para desenjoar e ser simpática – e talvez também para evitar a apocalíptica cena de ter de aturar o seu parceiro a uivar “quero o teu cu, quero o teu cu”, reivindicação que imediatamente passa a ser conhecimento de todo o prédio, pois, como toda a gente sabe, a insonorização é muito deficiente na maioria dos prédios.

Há mulheres, como a autora, que encara o sexo anal da mesma maneira que eu olho para um prato de camarões -  estão em cima da mesa?, marcham!, mas estão longe de ser o meu petisco favorito e se estou num restaurante não tomo a iniciativa de os encomendar.

Há também mulheres que adoptam face ao sexo anal a mesma atitude intransigente que eu reservo à lampreia – não lhe toco, nunca provei, sou agnóstico, não como, nem comerei, apesar de acreditar que seja um manjar magnífico, como o juram muitos amigos meus.

Mas há ainda uma terceira categoria de mulheres que olham para o sexo anal como eu para o polvo com molho verde (salsa e cebola picadas em molho de azeite com um pouco de vinagre), que é o meu prato preferido e sou capaz de comer ao almoço e ao jantar.

……………….

(1) Para os mais distraídos esclareço tratar-se do jornalista iraquiano que tentou, sem sucesso, atingir a cabeça de Bush com os seus sapatos, ao mesmo tempo que dizia em árabe: “Este é o teu beijo de despedida, seu cão”

 

Sex | 20.02.09

Uma nova abordagem à questão do sexo anal

Jorge Fiel

“O que é melhor: sexo oral ou sexo anal? (…) É suposto defender a tese de que todas as meninas e senhoras são como las muchachas da pornochanchada e que gostam de uma boa marretada no rabiosque. Ora eu cá acho que é tudo encenação.

Ninguém, em seu bom juízo, gosta de levar com um ‘termómetro’ – ainda por cima são XXL! – daqueles pelo rabiosque acima e ainda por cima sem indicação médica. Se elas reviram os olhos? Ah, pois claro, mas é de verem estrelas e não é de prazer é de dor!”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 119

São muitos os teóricos que se declaram ardorosos defensores do sexo anal.  Na "Breve História das Nádegas", de Jean Luc Henning (edições Terramar, 184 páginas), é citado o seguinte satírico do século XVII:

“Deus fez a cona

ogiva enorme

para os cristãos

e o cu

abóboda cheia e disforme

para os pagãos”

Como há cada vez menos gente a ir à missa compreende-se que seja cada vez maior o número de homens que se propõem aceder também pela ré ao interior da mulher desejada.

O Marquês de Sade era um fervoroso adepto dessa prática, argumentando em sua defesa que essa era a via mais adequada, uma vez que a secção cilíndrica do esfíncter anal coincidia com o formato, também ele cilíndrico, do órgão sexual masculino.

Apesar reconhecer alguma lógica a este argumento do marquês, não posso deixar de contrapor que o orifício traseiro carece de lubrificação externa, enquanto que o da proa vem apetrechado de origem com um sistema próprio e autónomo de lubrificação.

Acredito que, por isso, a prática do sexo anal deve ser objecto de preparativos especiais, pelo que desaconselho todas as tentativas de o tentar conseguir à má fila.

Cláudia é arrombada pela ré, no cinema, por um desconhecido, perante o olhar atónito do seu marido Aleardo, em Clic, de Milo Manara. Reparem que o perverso dr. Fez teve de por o seu malvado aparelho no máximo, para a penetração deixar de doer

Qui | 19.02.09

O Snoopy não tem lugar numas cuequinhas sexy

Jorge Fiel

 

Acham mesmo que o Snoopy acrescentaria alguma coisa à bela imagem desta pin up?

 

“Eu? Bom, o que se poderá dizer da natureza emocional de alguém cujo prazer máximo é conjugar cuecas de algodão (daqueles packs de 3 da Womens’s Secret ou das do H&M com o simpático Snoopy, por exemplo), com soutiens fabulosos, super sexy?

Nada faz sentido nas minhas ‘produções’ de lingerie, o que leva a crer que sou uma pessoa caótica mentalmente mas – e o melhor vem agora – com um grau de excentricidade e genialidade notáveis. Dali não era excêntrico? E um génio também? Pois eu descobri, através da análise da minha roupa interior, que sou não só excêntrica como genial”

Sete anos de mau sexo, Ana Anes, página 103

Devo dizer que apesar de nunca ter espiolhado nas gavetas de lingerie da autora, não me foi difícil adivinhar que ela era possuidora de elevados graus de excentricidade e genialidade.

Sempre gostei muito das tiras do Charlie Brown, do Schulz, mas devo confessar que não considero uma coisa ultra-excitante deparar com as orelhas do Snoopy  - ou a imagem do próprio cão deitado a dormir em cima da sua casota - estampadas no último obstáculo que me separa de uma boa queca.

Calculo que a Hello Kitty deve comercializar uma linha completa de lingerie feminina, mas a figura daquela gata sem boca não é exactamente um tónico para a libido masculina.

O inverso também deve ser verdadeiro. Em Vicky Cristina Barcelona, na noite em que problemas digestivos graves a obrigaram a vomitar em vez de dar uma queca com o Javier Bardem, a boa da Scarlett começou por condicionar o seu alinhamento na festa ao visionamento prévio das cuecas do rapaz.

Presumo que ela não ficaria agradada se ele usasse slips com decoração tipo pele de tigre -  ou mesmo boxers ilustrados com figuras dos 101 Dálmatas ou pais natais.

A autora que me desculpe (levo isso à conta de uma das suas mais excêntricas excentricidades), mas o Snoopy fica bem numa t shirt mas não tenho a certeza que fique a matar numa cuequinha que se pretenda sexy.

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