Triunfo da Starbucks assinala decadência gaulesa
Há um Starbucks no Louvre e outro na Madeleine. Só para citar dois exemplos. Os Starbucks estão a invadir Paris e isso é muito bem feito. É a prova dos nove da decadência gaulesa. Os franceses inventaram os cafés, mas acabaram por os musealizar.
O café de que gosto e quero frequentar é um café onde posso rapar do baralho de cartas e jogar, abrir o portátil e responder aos mails, onde passo a tarde a ler um livro do Simenon ou a anotar ideias com a caneta roxa da Muji nas folhas quadriculadas do caderno Clairefontaine.
POESIA
O Nicolau deu-me a bela ideia de falar da Adília
A chegada do meu distinto amigo Nicolau a esta página de blogues deu-me a ideia de falar um pouco de poesia aqui na Roupa para Lavar: Acho que é uma bela ideia. Fiquei logo apaixonado por ela (a ideia) Só lhe descubro vantagens. Para começar, eleva um pouco o nível cultural deste blogue, cuja futilidade já começa a ser criticada em voz alta por parte da freguesia -e com razão. Veja-se, a título de exemplo a certeira crítica produzida no domingo passado pela inestimável Buzian.
Bom, como sabem, não tenho segredos para vocês, por isso devo confessar que não sou um grande entusiasta de poesia. Consumo alguma coisa, mas pouco, muito provavelmente devido à minha enorme falta de sensibilidade. Às vezes dou mesmo por mim a pensar porque é que na esmagadora maioria das vezes os poetas não aproveitam as linhas todas e desperdiçam tanto papel. E convenço-me que mais dia menos dia esse desperdício vai ser proibido, ou pelo menos declarado politicamente incorrecto. Estão a ver as implicações ambientais dessa mania, a quantidade de árvores abatidas, o aquecimento global e outras coisas assim parecidas...
Consumo pouco poesia, mas ainda assim vou lendo alguma. Sou, por exemplo um fanático admirador da Adília Lopes, a quem cheguei pela porta da prosa (guardo religiosamnete as crónicas que ela escreveu para a Pública). E por isso apetece-me reproduzir aqui um poema dela, apesar dela não ter morrido (os poetas por norma são apenas lembrados na hora da morte ou do Prémio Pessoa). Pelo menos que eu saiba, ela estava viva - pode estar com uma gripe mas creio que está viva.
Por isso aí vai um naco de poesia da Adília, extraído o livro Sete Rios Entre Campos e cuja reprodução não tem impoacto ambiental negativo (eu não sou assim tão distraído e estou a par da campanha pró ambiental que o Expresso tem em curso):
É preciso agir
é preciso foder
isto é etimologicamente
cavar na cidade
é por vezes
tão difícil foder
como cavar
mas mando quinze tampas
de iougurte Longa Vida
natural
para o Apartado 4450
e plantam-me
uma alfarrobeira
na Arrábida
LINGUA
O «então vá» não passa de um porco galicismo
Detesto o «então vá» que é cada vez mais usado a sul da Serra dos Candeeiros para pôr um ponto final a um conversa telefónica (ou até mesmo presencial). Aborrece-me que o pessoal da corda linguística tivesse andado ocupado com a TLEBS e não se tenha pronunciado sobre o terrivel hábito do «então vá», ainda mais irritante que o «pá» (falecido ou pelo menos em vias de extinção) ou o recorrente «tasse bem».
Penso que achei a sua origem na semana passada,
MÚSICA
Como Cristina Branco mudou a vida de Da Silva
O Emmanuel Da Silva, não é um cantor grande (acho que só com boa vontade chegará ao metro e meio, a Felícia iria adorar conhecê-lo) mas é, sem dúvida um grande cantor. Recomendo a todos as preclaras e preclaros o seu disco de estreia «Decembre en Eté», que apesar dos tempos sombrios em que vive a indústria discográfica vendeu 80 mil exemplares em França.
Da Silva, filho de um emigrante português de Braga, tem 30 anos, todos os anos passa um mês na casa que os pais fizeram na Ericeira. Começou com uma banda punk e mudou de ideia depois de ouvir discos de Cristina Branco e Amália Rodrigeus. «Compreendi que transmitir mais poder e emoção só com uma voz e uma guitarra do que com todo o barulho de uma banda punk».
Madredeus, Mísia e Johnny Cash são algumas preferências musicais deste cantor autor, que não aprecia muito Mariza. Tenho pena de não poder incluir (por razões técnicas) neste blogue uma amostra das palavras e músicas de Da Silva. mas estou na disposição de mandar uma canção por mail a quem o solicitar.
SOCIAL
Merche morena, Elsa vota Não, Cinha animadora e Sócrates está só
A Merche copiou a Cameron Diaz e apareceu de cabelo escuro e apareceu em público com o antigo namorado.
A Elsa Raposo mudou de visual no terceiro mês de gravidez e tem em curso uma cruzada contra a quebra da taxa de natalidade. Diz que não sabe qual é o sexo do bebé que está a crescer na sua barriga (há mesmo quem diga que ele desconhece mais coisas fundamentais, tais como, por exemplo, quem é o pai. Mas garante não desanimar: «Ainda quero ter outro bebé depois deste». Boa. Acho que vai votar Não no referendo.
A Cinha Jardim desmente romance com o professor de surf, mas aparenta não se importar com o boato: «Com um país tão cinzento, cá estou eu para o animar». Apesar do desmentido, Elsa Raposo declara condenar a aproximação enter Cinha e o o seu ex Mário Esteves, que acumula a profissão de professor de surf com a de realizador de cinema.
Sócrates e Câncio ter-se-ão separado. Ambos estiveram no concerto de Cura contra a leucemia, mas não se falaram. Se quiserem confirmar, liguem ao António José Teixeira, ao Luís Paixão Martins ou deixem um comentário com essa pergunta no blogue da Fernanda Cãncio.
ECONOMIA
O Manel Pinho é um tipo porreiro mas aproveitou-se do Ludgero
Estou convencido que o Manuel Pinho é um tipo porreiro, mas ele acha que eu o persigo. Como é óbvio, está enganado. Ele não precisa de ser perseguido, porque se persegue a ele próprio.
A ideia de tentar atrair investimento chinês argumentando com os nossos baixos salários não é exactamente nova. Foi copiada de Ludgero Marques, o presidente da AEP, que em entrevista ao imperdível
A LIÇÃO DA SEMANA
Aprender Cultura do Futebol Para Fazer Benefício Do Glorioso Expresso
O Custódio, do Sporting, falha apenas 8% dos passes. A percentagem de falhanços de Raul Meireles, do FC Porto, ronda os 30%.
Quem é melhor? Se responder Custódio, vai perder. O sportinguista falha poucos passes mas não adianta nem atrasa, porque passa sempre a bola para o lado, para um colega que está a um metro de distância. Raul Meireles falha mais porque opta quase sempre por passes longos, chamados de ruptura. Quando acerta, cria um desiquilbrio que pode acabar em golo.
No Expresso, temos Custódios a mais e Raul Meireles a menos.