Tudo o que eu penso sobre a batata
Correspondendo à sábia deliberação da ONU de proclamar 2008 como o Ano Internacional da Batata, dedico ao precioso tubérculo o primeiro «post» deste novo ano.
Desde já vos informo que não tenho uma relação privilegiada com a batata. No que concerne aos acompanhamentos mais tradicionais, valorizo arroz e batata no mesmo pé de igualdade.
Para ser sincero (aliás sou-o quase sempre e tenho perdido muito com isso), nos tempos mais recentes prefiro acompanhar a refeição com uma pasta ou tão só com pão.
Sou doido por pão e a Padaria Ribeiro enche-me as medidas neste particular, ao disponibilizar uma oferta muito variada de pão: chapatas, de azeite, prokorn, milho, centeio, mistura, com passas, e por aí adiante.
Ainda no capítulo dos acompanhamentos - e circunscrevo-me aos farináceos (ou seja excluindo verduras, como os grelos salteados, que é o mais sexy e saboroso de todos os acompanhamentos existentes à face da Terra) – confesso-vos que tenho uma especial predilecção pela castanha, feijão (preferencialmente o preto e o frade, mas o manteiga também marcha bem) e até o sempre injustiçado grão de bico.
A castanha, que detinha a primazia no nosso país antes de ser destronada na centúria de Quinhentos pela novel batata importada da América, fica a matar a acompanhar um assado de carne no forno ou uns rojões.
A sofisticação da oferta do retalho no nosso país permite-nos comprar o tipo de batata mais adequada à maneira como o tubérculo vai ser cozinhado.
Há, assim, batata para cozer, para assar e para fritar. Indo por partes, com organização e método, passo a confiar-vos os comentários que me merecem estas três grandes categorias.
Batata cozida
Há quatro pratos em que eu como batatas cozidas com agrado. A saber, a acompanhar raclete, bacalhau ou polvo (com molho verde) cozidos, e atum grelhado (com molho de cebolada).
Os restos de batata cozida têm um aproveitamento que eu classifico de razoável: as batatas alouradas na frigideira.
Batata frita
Muito valorizadas por mim na infância e adolescência, as batatas fritas têm vindo a perder importância na minha dieta alimentar à medida que a idade avança.
Tenho para mim que as batatas fritas do McDonald’s são as rainhas da sua categoria. São realmente muito boas, mas evito-as por razões de saúde – os fritos são, no geral, prejudiciais para o colesterol e o sal é um veneno para um hipertenso como eu sou.
Como observador atento do fenómeno do consumo de batata no nosso maravilhoso país, devo notar com preocupação que a batata frita às rodelas têm vindo a perder, de uma forma que não hesito em classificar como alarmante, quota de mercado relativamente às batatas fritas aos palitos.
A batata palha vai muito bem com rosbife.
Batata assada
Como já vos confessei, prefiro a castanha à batata assada. Mas estou disposto a abrir uma excepção quando estamos na presença daquela batatinha muito pequena, creio que a nova, que pode ser deliciosa.
Puré e gnocci
Não posso encerrar este meu pronunciamento sobre a batata sem manifestar o meu mais vivo repúdio relativamente ao puré de batata (uma forma bastarda de consumir batata) e conceder o meu beneficio da dúvida relativamente ao gnocci – pode ser um petisco com fios de parmesão, ralado na hora, a derreter em cima.
Dou pró concluída a minha participação na iniciativa 2008 Ano Internacional da Batata, promovida pelas Nações Unidas, com uma pequena lista.
O meu quadro preferido sobre o tema batatas
Os comedores de batatas, de Van Gogh
A minha frase romântica preferida sobre batatas
O meu coração palpita como uma batata frita.
A mais sábia frase sobre batatas
A lógica é uma batata.