Cracóvia, Pisa e o preto do olho da Daniela Ruah
Um pequeno defeito ou imperfeição, contanto que bem explorados em termos de marketing, pode ser muito vantajoso na justa medida em que nos diferencia e personaliza.
Não sei se a Daniela Ruah seria uma actriz tão famosa nos States se o branco de um dos seus olhos não fosse negro - o que até rima com uma sociedade que se pretende multiracial e, às vezes, pratica discriminação positiva em benefício das suas minorias.
Mas tenho quase a certeza que a Torre de Pisa não seria mais conhecida internacionalmente do que a Torre dos Clérigos se não se desse o caso dos engenheiros que a projectarem não terem estado à altura dos acontecimentos e ela estar perigosamente inclinada.
Maior praça medieval da Europa, a Rynek Glówny de Cracóvia é tão bela que dispensava perfeitamente o facto da torre do edifício da Câmara Municipal ter começado a adornar.
Na visita que fiz ao Podzemia Rinku (o museu subterrâneo consagrado à história da cidade, que reúne os vestígios achados durante a escavação arqueológica da praça) fiquei a saber que a torre do edifício da Câmara já descaiu 55 centímetros para o lado.
Cracóvia, uma maravilhosa cidade visitada anualmente por oito mlhões de turistas, não precisava de um torre tipo Pisa para entrar no mapa dos melhores destinos europeus. Tenho dito!