Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Seg | 27.09.10

A minha táctica para visitar a Amoeba Music

Jorge Fiel

Quando uma pessoa como eu entra numa loja como a Amoeba Music tem de ir munido de uma táctica senão é certo e sabido que o caldo se vai entornar.

 

A culpa desta contingência é exclusivamente minha, não da loja, um fantástico e enorme armazém que ocupa todo um quarteirão de Los Angeles (com frente para a mítica, mastodôntica e camaleónica Sunset Boulevard) e disponibiliza, a preços abordáveis, tudo quanto alguma vez sonhámos possuir no capitulo da música e que, além de possuir estacionamento privativo, está organizado de uma maneira simples, ao estilo risca ao meio – de um lado os discos novos, do outro os usados.

 

Conhecendo-me como me conheço (e tenho o atrevimento de me considerar o maior especialista vivo na minha própria pessoa), sei que abandonar-me à Amoeba, desprovido de táctica, significaria correr dois sérios riscos que a todo o custo queria evitar:

 

1. Desgraçar-me, desatando a comprar todos os CD que me piscassem o olho, com prejuízo evidente não só para a minha anémica conta bancária mas também para o espaço disponível na minha Samsonite, adquirida por em 2003 em Seul, por 100 dólares, e que se tem  comportado à altura dos acontecimentos;

 

2. Paralisar, acabando por não comprar nada, numa típica reacção de medo (pavor ou pânico seriam talvez palavras mais adequadas) de me deixar levar arrastar pela voracidade de um cataclismo consumista;

 

A minha táctica foi simples, muito melhor que a variante losango do 4x4x2, preferida por Paulo Bento, e quase tão boa como a letal e cínica interpretação de Andrê Villas-Boas faz do tradicional 4x3x3 portista.

 

Decidi conceder duas horas e 20 USD à Amoeba e devo afirmar, com uma pontinha de orgulho denunciada pelos lábios, que cumpri quase religiosamente o plano – creio que me demorei quase três horas, mas a taxa de execução orçamental revelou-se susceptível de criar inveja ao Sócrates e de despertar ciúmes ao Teixeira dos Santos.

 

Comprei os seguintes quatro álbuns (em segunda mão):

 

The Concert in Central Park, Simon and Garfunkel … 6,99 USD

The Best of Emerson, Lake and Palmer … 4,99

Greatest Hits, Donovan … 4,99

Aimee Mann live at St Anns Warehouse … 7,99

 

Mais cêntimo menos cêntimo, investi 25 dólares em quatro preciosidades. O concerto em Central Park dos Simon and Garfunkel é uma presença incontornável em qualquer top ten que faça dos melhores álbuns de sempre. Sempre tive um fraquinho pelos ELP – na minha estreia (em 2007) na Amoeba comprei o Pictures at Exhibition (uma interpretação curiosa da obra homónima de Mussorgsky) e agora apeteci-me ouvir o Lucky Man aos berros e repetidamente. O Atlantis do Donovan é de ir às lágrimas. E a Aimee Mann, bem, não sei se sabem, mas eu tenho quase toda a sua discografia (a excepção é um disco de canções de Natal) e como sou absolutamente doido por ela fiquei cheio de vontade de ouvir Deathly ao vivo).

 

Para trás ficaram, com algum remorso o 4 Way Street, dos Crosby, Still, Nash and Young (estava caro, acima dos dois dígitos) e o Aqualung dos Jethro Tull (foi incapaz de decidir entre ele e o Thick as a Brick pelo que optei por não comprar nenhum).

3 comentários

Comentar post