Eu sou um homem, portanto um animal de hábitos
Eu sou um homem, portanto um animal de hábitos, pelo que sempre que ponho o pé no estrangeiro sinto-me compelido a observar determinados rituais, dos quais destaco os principais:
1. Enviar diariamente um postal ilustrado para a minha filha mais velha, que mora em Los Angeles, e para o meu filho mais novo que vive comigo, e, por isso, oa quem os postais chegam por norma depois de nós e das prendas, mas é uma tradição que eu achei por bem estabelecer após de me fartar de o ouvir queixar-se que era o único lá em casa que não recebia correspondência, não percebendo, na sua doce inocência, que isso constitui uma enorme vantagem, porque a maior parte das coisas que aterram na caixa do correio são duas variantes de junk mail: lixo propriamente dito (cartas do Rui Rio no ano das autárquicas, catálogos da Moviflor, promoções do Lidl e da Telepizza, cartões de visitas de picheleiros e canalizadores, etc) ou contas para pagar, multas ou missivas ameaçadoras de uma misteriosa Intrum Justitia, que calculo seja o braço português de uma multinacional de origem siciliana com fortes ramificações e implantação dos Estados Unidos, imortalizada no cinema pelo Coppola. É aliás por este motivo que não mando postais para o meu filho do meio. No magnífico andar junto à praia onde ele reside cultiva-se a atitude da avestruz face ás contrariedades pelo que se perdeu o hábito de ir ao correio;
2. Comprar magnetos, que posteriormente enriquecem um já vasto memorial que decora o frigorífico do meu apartamento;
3. Adquirir uma caneca decorada com um motivo local.
Vêm estas pequenas confissões a propósito da compra que fiz de uma caneca, com a reprodução da nota de 20 libras (onde consta uma foto da Isabel II que foi com toda a certeza tirada no ano em que o Hitler anexou a Áustria), e de dois magnetos (com as notas de 20 e 5 libras) que fiz na loja do Museu do Banco de Inglaterra.
Fui à loja do Museu do Banco de Inglaterra ao cheiro de uns pisa papéis feitos a partir de notas de libra (presumo que reproduções), mas a simpática ex-cidadã da URSS (estive para escrever russa, mas tenho de admitir que a moça pode ter vindo a este mundo na Ingúchia, Ossétia, Uzbequistão ou até mesmo no Nagorno-Karabakh) explicou-me simpaticamente que não havia disso.
Já que lá estava, dei uma vista de olhos pela loja, comprei a caneca e os magnetos por 6, 90 libras (uma pechincha pois trouxe reproduzidas notas no valor global de 45 libras), e ainda aproveitamos para dar um giro pelo museu, pois a entrada é gratuita. Valeu a pena.
Bank of England Museum, manhã de 2ª feira, 7 de Dezembro 2009