Reflexão sobre o time e o weather
O tempo é muito importante para os ingleses, como se pode aquilatar pelo facto de dedicarem palavras especializadas a duas realidades diferentes que nós, portugueses preguiçosos, arrumamos no interior da mesma palavra.
Para os bifes, que para além de mais pontuais são muito mais rigorosos do que nós, há o “time” e o “weather”.
“Time” é o tempo medido pelo relógio e o vocábulo que deu origem à célebre frase “time is money”, máxima que os desempregados acusam de mentirosa, porque na sua generalidade andam tesos como virotes apesar de serem ricos em tempo livre, o que coloca em cima da mesa uma das contradições fundamentais da nossa sociedade - os que ganham muito andam sempre tão atarefados que se queixam de nem ter tempo para gozar e gastar o dinheiro, enquanto que o pessoal que dispõe de tempo à ganância tem, por norma, os bolsos vazios.
“Weather” é o tempo do Boletim Metereológico e um dos desbloqueadores de conversa preferido pelos ingleses, o que até se compreende atendendo aos elevados volumes de precipitação registados nas Ilhas Britânicas, o que, entre outras coisas, os levou a cunhar a feliz expressão “it is raining cats and dogs” – o que, sossego desde já todos os simpatizantes da SPA menos familiarizados com esta expressão, sucede apenas no sentido figurado.
Ao longo desta estadia em Londres, que entra agora no seu terceiro dia, o tempo/weather tem andado tem-te não caias, chovendo todos os dias mas com parcimónia, raramente atingindo uma torrencialidade que impeça os nossos passeios – apesar de os poder tornar um tudo nada mais desagradáveis.
O dia amanheceu cinzento mas seco, não ameaçando por isso os nossos planos para uma manhã a dar água sem caneco pela City. Até devo dizer que o céu plúmbeo ainda tornou mais fotogénicos os arranha céus de aço de vidro mais famosos da zona, como as sedes da Lloyds e da Swiss Re.
City, manhã de 2ª feira, 7 de Dezembro 2009