A Eunice foi de mini-saia ao concerto dos Osibisa em Crystal Palace onde se fartou de fumar erva
O Pub Alfred, na esquina de Queensway com Porchester Gardens
Nos idos de 1975, Londres e um trabalho au pair eram uma Meca para as raparigas da Europa do Sul. Eunice e uma data de portuguesas espreitaram esta oportunidade para bazarem de casa dos pais e mudarem de ares. Tudo leva a crer que fizeram bem.
Vieram para Londres, instalaram-se em casas de famílias da classe média com um estatuto misto de hóspedes e de criadas, mas com tarefas aligeiradas, que compreendiam na maior parte das vezes baby sitting mas podiam também alargar-se às limpezas, sem exclusão garantida das casas de banho.
Nas folgas e restantes tempos livres, as moçoilas viveram os restos da libertinagem hippie dos anos 60. Usaram collants de todas as cores do arco íris debaixo de mini-saias muito mini (Longa vida à Mary Quant, a humanidade deve-te muito, minha adorável tarada!). Fumaram erva em concertos dos Osibisa em Crystal Palace. Roçaram quase até ao ponto de constituírem família a dançar ao som de Lola (Kinks) ou Nights in White Satin (Moody Blues) em discotecas do Soho. Roubaram roupa nas lojas de Carnaby Street. E, finalmente, deixaram de ser au pair, casaram-se com gregos, madeirenses ou espanhóis que conheceram após terem bebido a terceira pint de Red Watney (uma bitter que já não se fabrica), foram viver para casas municipais (basement floors perto de Queensway ou andares em projects perto do London Zoo), arranjaram trabalho, divorciaram-se (umas a tempo, ou seja antes de terem filhos, outras nem por isso) e recomeçaram a vida na altura em que a família Thatcher se mudou para o 10 de Downing Street.
Queensway, fim da manhã de 5 Dezembro 2009