Um exemplo do espírito empreendedor nortenho
Foi uma dupla estreia: na companhia (Ryanair) e no aeroporto. Stansted fica a 55 km do centro de Londres, ou seja a uma distância pouco superior a Heathrow ou Gatwick. Não está servido por metro, mas tem ligações regulares de autocarro e comboio.
Ao lado do check in da Ryanair no Sá Carneiro há uma pequena barraca improvisada onde são vendidos bilhetes para ligações rodoviárias dos aeroportos aos centros das cidades destino da companhia
A viagem de autocarro de Stansted para Liverpool Street Station era vendida a nove euros o trajecto, acompanhada da garantia de desconto, em caso de compra de ida e volta, e de que o histórico revelava que durava apenas mais dez a 15 minutos que a viagem de comboio.
Não arrisquei. À ida, apesar de ir entrar em Londres por volta das nove da manhã, tínhamos tempo e podíamos viver bem com engarrafamentos provocados por acidentes rodoviários. Mas no regresso a coisa pia mais fino, pois um avião é uma coisa grande e cara demais para perder.
Tinham-me dito que fazia parte do programa das vendas a bordo, a comercialização a preços catitas de bilhetes de ida e volta para Londres no comboio Stansted Express.
A venda não ocorreu e por isso fui obrigado a comprar os bilhetes para o comboio à chegada, no balcão da British Rail, a 28 euros por cabeça a ida e volta.
Uma aprofundada investigação, permitiu-me apurar que é o bom e velho espírito de iniciativa e empreendedor que nos caracteriza a nós, nortenhos, que está na origem da Ryanair ter deixado de vender os bilhetes com desconto para o Stansted Express.
A história conta-se em duas penadas. A British Rail detectou bilhetes falsificados no Stansted Express e rapidamente apurou que eles tinham sido vendidos pela Ryanair. Informada do drama, a companhia procedeu a uma investigação interna em todas as suas 37 bases europeias e conclui que o Porto era a única origem dos bilhetes falsos.
A malta cá é assim. Não dorme em serviço. Não desperdiça uma boa oportunidade de fazer uns dinheirinhos com pouco trabalho e limpos de impostos. Se toda a gente fosse como nós, o país já há muito que estava a andar para a frente.
Porto, Sá Carneiro- Londres, Stansted (4 Dezembro 2009)