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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Seg | 02.11.09

Ninguém me dá dez mil euros em notas ao almoço

Jorge Fiel

Aspecto exterior dos Pneus Ramalhão, na rua do Campo Alegre

Tremi todo cá por dentro no momento em que a Maria José (1) me informou que tinha sido descontinuada a produção do modelo de pneu Michelin cobardemente assassinado pelo Buraco do Fiel, que se situa algures na rua do Passeio Alegre, um pouco depois do Chalet Suisso e do Augusto, para quem segue em direcção à ponte da Arrábida.

Pela minha cara, a Maria João (que além de despachada e simpática, também deve ser uma fina observadora) logo percebeu que eu, lamentavelmente, não fazia parte da lista dos tipos a quem o sucateiro de Ovar dava dez mil euros em notas sempre que almoçavam com ele.

Por isso, e como eu precisava não de um mas de dois pneus, logo percebeu que o melhor que havia a fazer era procurar uma situação mais económica do que a oferecida pela Michelin, e pediu a um dos seus colaboradores que indagasse sobre se haveria ou não disponíveis um par de pneus da marca Eurotyphoon, compatíveis com a minha carrinha Fiat Marea, de cor cinzento rato, que gasta dez litros aos 100 e completará dez Primaveras em Março de 2011.

Havia os pneus baratos, mas mesmo assim a conta situava-se claramente nos três dígitos, creio que 166 euros, o que me pareceu muito dinheiro - reparem que não disse caro, mas apenas muito dinheiro.

Custa-me imenso gastar mais dinheiro a calçar a minha Marea do que os meus próprios pés. Por 120 euros compro uns Citywalker da Ecco que me proporcionam um andar confortável e seguro durante cinco anos, no mínimo. Ora para calçar a carrinha, não com uns pneus topo de gama (como são os sapatos Ecco) mas de uma marca para tesos, teria de gastar quase o triplo – pois enquanto eu assento em apenas dois pés, a Marea tem quatro rodas.

Enquanto, o meu cérebro processava este raciocínio, a minha cara devia evidenciar um tal estado de infelicidade, que a Maria João, prontamente seguiu para o Plano C, o adequado a pelintras. Eu disse logo que sim quando ela me perguntou se eu estaria eventualmente interessado em que ela visse se tinha um par de pneus usados que me resolvesse o assunto.

A coisa começou a compor-se. Nem tudo pode correr sempre mal. Sempre havia o tal par de pneus usados e a festa ficava-me por 44 euros (incluida a desempanagem da jante). ‘Bora aí, disse eu, mas logo fiquei a pensar que para exteriorizar a minha satisfação por manter a solução abaixo dos 50 euros teria sido mais adequado soltar uma frase de mais efeito, do estilo: “Fogo à peça!”.

(continua)

 

(1)              Afinal, de acordo com a prestimosa informação providenciada pelo preclaro Barba Azul, a Maria José (pseudónimo atribuído aleatoriamente por mim) chama-se Maria João, nome porque doravante será aqui tratada, na prossecução da política de rigor e de dar o seu a seu dono que caracteriza esta Lavandaria

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