Contribuições para a compreensão da minha politica de compra de fatos
A Roupa para Lavar não cessa de surpreender os leitores. Depois das fotos eróticas de Ana Marques hoje é a vez do autor tentar aumentar as audiências publicando uma fotografia sua em nu integral!
O meu primeiro fato, feito por medida na Gentleman (loja da zona do Bolhão, no Porto), foi um Principe de Gales, de três peças, castanho e de risca vermelha. Eu tinha 14 anos e estreei-o no casamento da minha prima Milice.
Fiquei freguês de ambos - da Gentleman e do Principe de Gales- e fiel à risca vermelha. Sempre recusei as opções verde, azul ou a ausência de risca. O mais longe que fui na inovação consistiu em experimentar por uma única vez, sem exemplo, o padrão preto. Mas não gostei e logo regressei ao bom e velho castanho.
Os Principe de Gales, usados quase exclusivamente em casamentos, baptizados e funerais, acompanharam-me até que, por volta dos meus 35 anos, se me afigurou necessário passar a usar, no dia a dia, fato e gravata, como farda de trabalho.
Foi um momento de grande mudança na minha vida. Troquei a Gentleman (onde o puro por medida tinha no entretanto sido substituidos por uma espécie de pronto-a-vestir retocado) pelos saldos da MacModa. E os fatos cinzentos e azuis escuros, de meia estação (dão para o ano todo!), ocuparam o lugar do Principe de Gales.
A moda masculina é muito mais viscosa que a feminina. O surgimento de lustro, nas mangas ou ombros, é o principal indicador de que o prazo de validade de um fato se aproxima drasticamente do seu fim. Ou seja é o material a ceder - não o feitio.
Um fato escuro, cinzento antracite ou azul ultramarino, de corte razoavelmente conservador, dura lagos anos até ficar fora de moda. O segredo é não embarcar em modas passageiras, evitar exageros na largura das abas do casaco, ser prudente face às riscas, e nunca enverar pelos invios caminhos dos casacos de trespasse (também designados por assertoados, palavra que detesto).
Se olharmos para trás, vemos que, nos últimos 20 anos a última grande revolução que se verificou no fato de homem foi a generosa invenção do terceiro botão, que dá uma preciosa ajuda no disfarce da barriga.
Chegado (a) a este ponto, estará certamente a interrogar-se sobre a razão pela qual este artigo sobre fatos é ilustrado pela fotografia de um bebé em nu integral- no caso concreto eu próprio, com aquele ar feliz e despreocupado que apenas temos nos primeiros meses das nossas vidas.
A pergunta é pertinente. Eu explico. O último artigo deste blogue, onde expus a minha doutrina sobre o casamento entre vinhos e comida, recolheu um número indigentemente baixo de visitas. Ao invés do que sucedeu com o anterior, em que me debrucei sobre a relação entre a beleza feminina e a moda dos óculos escuros XXL, que foi um verdadeiro sucesso de audiências - o que os meus colegas explicam pelo facto de ele ter sido ilustrado com duas fotos da Ana Marques em poses eróticas e usando pouca roupa.
Confesso-vos, portanto, que o recurso à minha fotografia em nu integral mais não é do que um baixo truque para obter mais audiências para este artigo. Espero que resulte - apesar da minha pose estar longe de ser erótica. E remato com uma outra fotografia minha, com o meu primeiro Principe de Gales, que teria encimado este artigo se eu não estivesse a lutar desesperadamente chamar a atenção dos frequentadores da home page do Expresso de modo a aumentar o número de visitantes da Roupa para Lavar.
PS. Quero lembrar às preclaras e preclaros que amanhã é quinta feira. E que quem diz quinta feira diz Roupa para Lavar. E quem diz quinta feira e Roupa para Lavar diz também a Quinta das Respostas. Nenhuma das perguntas que me for formulada amanhã ficará sem resposta!