Bolo rei, rosbife, pezinhos de coentrada, muamba, rissóis de carne, francesinha e pimentos de Padron
Claro que isto já começa a meter um bocado de nojo. Eu sei. A boa e velha expressão “nem o pai morrre, nem a gente almoça” assenta como uma luva a esta maçadora saga do pneu, que está a viver um longo parêntesis que engobou um arroz de pato, que espero não tenha sido indegesto para ao clientela da Lavandaria.
Hoje concluo, em passo de corrida, a lista das dez coisas que me levam a gostar muito da rua do Campo Alegre. Espero amanhã ter boas notícias (ou seja o epílogo) para dar sobre o intrincado Caso do Pneu Estraçalhado:
6. O Clube Inglês é, como não podia deixar de ser, uma ilha britânica no meio do imenso mar portuense, com o seu restaurante, onde não lhe servem refeição se não estiver de casaco, e o relvado onde se joga criquete, uma entediante modalidade que estou convencido que vou morrer sem conhecer as regras que a regem;
7. As Torres de Arménio Losa (732-738), ligadas por um edifício mais baixo, merecem uma honesta vista de olhos;
8. O Restaurante Campo Alegre, que eu já não frequento há uma data de tempo (vá-se lá saber porquê) é acanhado em espaço mas amplo e generosa na oferta, que contempla duas cozinhas tão diferentes como a alentejana e angolana. Este pluralismo corresponde à denominação de origem do casal de donos, mas não me perguntem por favor se é ele ou ela que é de Angola porque eu faço sempre confusão;
9. O Capa Negra é um valor seguríssimo para uma refeição tripeira – de tripas ou francesinha – ou de origens mais alargadas. O meu amigo Amadeu, que é o zelador da Confraria das Francesinhas, torce o nariz relativamente à qualidade da francesinha, alegando que a altura do pão não é “conforme” (o vocábulo é dele), por ser exagerada, iludindo o freguês encantado com a altura da sandes. Pode ter razão. Aliás planeio voltar a este assunto da francesinha, escapelizando-o com minúcia aqui nesta Lavandaria. No entretanto, declaro que continua a gostar da francesinhas e dos magníficos rissóis de carne o Capa Negra, que antes de ser um fábrica de comida era um café onde eu passei muitas manhãs e tardes a estudar quando andava na faculdade;
10. A estátua da Rosalia Castro (na foto), na Praça da Galiza, da autoria de Barata Feyo, agrada-me de tal maneira que achei por me concluir esta lista de dez razões que me levam a gostar do Campo Alegre com um fragmento do poema Negra Sombra da poetisa galega, que morreu prematuramente (48 anos), em Padron, a terra dos famosos pimentos.
En todo estás e ti es todo
pra min e en min mesma moras,
nin me abandonarás nunca,
sombra que sempre me asombras.
(continua)