De noite todos os pneus parecem cheios
Tive um problema com um pneu. Refiro-me a um pneu pneu, de marca Michelin, e não aquela inestética camada de adiposidade que se acumula à volta da minha cintura.
Estou a falar-vos do pneu da frente do lado direito da minha carrinha Fiat Marea e da respectiva jante, que não conseguiram recuperar da agressão que lhes foi perpretada por um buraco anónimo – a este propósito, vou já acrescentar à lista de Tarefas do Outlook uma lembrança para ligar ao meu preclaro amigo Germano Silva, que integra a Comissão de Toponímia do Porto, sugerindo-lhe que passem também a baptizar os buracos mais conhecidos das ruas com o nome de figuras e acontecimentos relevantes da cidade, uma vez que isso facilitaria a troca de opiniões e permitiria até a elaboração de um mapa.
Estava eu a dizer que após ter sido atropelado por um buraco, algures no Passeio Alegre, notei que o Fiat começava a descair para a direita, o que é sempre extremamente perigoso.
Como fiquei preocupado com esta tendência direitista do Fiat, logo que pude parei o carro para proceder a uma inspecção sumária.
Uma breve vista de olhos ao estado do pneu, acompanhada do proverbial pontapé aplicado com a biqueira do sapato, não me permitiu detectar qualquer anormalidade, o que me leva a concluir que, das duas uma, ou sou mais nabo do que era preciso nesta matéria ou então há que pegar no velho provérbio “de noite todos os gatos são pardos” e adaptá-lo aos tempos modernos da seguinte maneira: “de noite todos os pneus parecem cheios”.
E continuei a guiar em direcção a casa, onde estacionei o carro e não mais lhe liguei ao assunto.