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Lavandaria

por Jorge Fiel

Lavandaria

por Jorge Fiel

Ter | 13.10.09

Há dor de cotovelo no deflagrar no Facebook da campanha contra o anúncio do Pingo Doce do Duda

Jorge Fiel

Antes de começar a escrever este post, resolvi fazer um intervalo.

Primeiro troquei na aparelhagem o Best of Jefferson Airplane (a banda sonora escolhida para a redacção do perfil da Tita Mota Neves que, se Deus quiser, sai no DN na próxima 6ª) pela Sinfonia Fantástica do Berlioz, que, pelo seu carácter arrebatador, me parece mais adequada (em particular o seu primeiro andamento, intitulado Devaneios e Paixões) a um texto destinado a esta Lavandaria.

Depois fui sentar-me um bocado no trono, uma operação concluída com o recurso ao papel higiénico de folha dupla marca Pingo Doce que, como é costume, se comportou à altura dos acontecimentos.

Apesar de não partilhar de uma boa parte dos pontos de vista que o Alexandre Soares dos Santos acha oportuno ventilar com alguma regularidade na imprensa económica, sou freguês do Pingo Doce (antes era da loja da Pasteleira, agora passei a frequentar o da avenida da Boavista, que é maior, oferecendo por isso uma maior variedade de produtos) e declaro-me satisfeito.

As compras do mês faço-as no Continente -  fui fidelizado pelo efeito conjugado das vantagens do cartão, os cheques do Visa Universo e os descontos cruzados com a Galp -, mas retoco-as, pontualmente, entre o Pingo Doce e o Lidl.

Tenho uma excelente opinião dos produtos de marca branca Pingo Doce e não escondo uma enorme admiração pela maneira eficaz como o grupo Jerónimo Martins conseguiu trazer a sua cadeia de supermercados para o hard discount, reduzindo preços e diversidade de oferta, sem que isso beliscasse a imagem das lojas – que até ficaram mais bonitas.

Vem isto a propósito da inusitada campanha que deflagrou no Facebook, de milhares de cidadãos que se organizaram no auto-intitulado “Gente que não gosta do anúncio do Pingo Doce do Duda”.

Não me inscrevi nesse grupo, apesar de nada me mover contra estes movimentos informais nascidos entre o Twitter e o FB. Em minha defesa, invoco o facto de ter sido um dos apoiantes da primeira hora da campanha pela libertação da empregada da Carolina Patrocínio.

A coisa cheira-me mal por várias razões.

Em primeiro lugar, por mais que visione o anúncio não vejo nada que me ponha os pelos em pé (nem o resto, diga-se)- ao contrário do que acontecia inevitavelmente com os anúncios da Caixa que usavam a imagem e aquela voz de méeeméeeeeh do Scolari, só para citar um exemplo.

Em segundo lugar, interroguei-me. O Duda? Quem é o Duda?

Não é o meu amigo e ex-colega Eduardo Corte Real.

Não é o avançado brasileiro que nos anos 70/80 brilhou na equipa do FC Porto, tendo até apontado de cabeça o tento com que vencemos gloriosamente  o AC Milan em S. Siro.

Não é o extremo direito português do Málaga adaptado pelo Carlos Queiroz a lateral esquerdo.

Então quem é o Duda. Informei-me e apurei que o Duda é um publicitário brasileiro, que se celebrizou fazendo a campanha do Lula e que agora atravessou o Atlântico para ganhar uns euros e começou esta sua tarefa conquistando a conta do Pingo Doce e estreando-se om o polémico anúncio.

Concluo que a efervescência no FB deve ter epicentro em publicitários com dor de cotovelo.

Declaro, por isso, a minha total indisponibilidade para apoiar a campanha anti-anúncio do Pingo Doce, apesar de classificar como  muito interessante a ideia dos contestatários se reunirem num piquenique animado pelo José Cid (que vi a actuar, em grande forma, nas comemorações do meio século de vida do meu amigo Manuel Serrão).

E despeço-me recomendando a todos, contestatários ou não, o uso e abuso do papel higiénico folha dupla da marca branca Pingo Doce.

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