É muito triste chegar aos 53 anos e constatar, no escurinho de uma sala de cinema do Arrábida Shopping, que afinal não sou um homem a sério.
Esta dura constatação ocorreu enquanto via o super-mega-hiper-rifixe “Inglourious Basterds” (acho mais piada ao título original, com a média de um erro ortográfico por palavra, do que à tradução portuguesa “Sacanas sem Lei”), do Tarantino.
Como é sabido e consabido, no cinema um homem a sério nem chora nem sequer fecha os olhos para se poupar a ver as cenas mais horripilantes.
Ora devo confessar que fechei os olhos sempre que alguém do bando do fabuloso tenente Aldo Raine (Brad Pitt) retirava o escalpe a um soldado nazi - e voltei a fazê-lo na cena final em que o referido tenente desenha, com a sua faca de mato, a cruz suástica na testa do terrível coronel nazi Hans Landa (o fabuloso Christoph Waltz, a quem o Óscar não pode escapar).
E o grave é que tenho antecedentes. Quando reflecti sobre estes cobardes fechar de olhos, lembrei-me que, em 1983, apesar de já ser um marmanjão com 27 anos, fiquei de tal maneira enternecido com o lento definhar da Emma (Debra Winger), em “Laços de Ternura” que chorei (sozinho) em plena sessão da tarde na sala do S. João, que na altura ainda era cinema e pertencia à família do Pinto da Costa (que posteriormente o transaccionou com Santana Lopes e passou para propriedade do Estado português contra o pagamento de um milhão de contos).
O filme “Laços de Ternura” entusiasmou-me tanto que fiquei com uma paixoneta platónica (que ainda mantenho, mas em lume muito brando) pela Debra Winger e desde então para cá olho sempre de lado para o Jeff Daniels (que fazia de Flap, o marido que traiu a boa da Emma).
O Laços de Ternura deve ser (não o voltei a ver) um filme muito datado, uma espécie de Love Story para os anos 80.
Visto hoje, provavelmente o melhor é a side story da relação entre a Shirley Mclane (que faz de mãe da Debra Winger) e o engatatão do vizinho Jack Nicholson.
Ver filmes em Espanha deve ser pior que cuspir na sopa e ter de a comer a seguir. Não suporto ver filmes dobrados.
Ou o link não estava bem, ou eu sou nabo (ou ambas as coisas). A preclara Miou diga pf o dia em que escreveu sobre o filme que assim é mais fácil eu ir lá.
Quinta-feira, 3 de Setembro de 2009 Arrincando cabeleiras e outras graciñas
Nem é preciso que vá lá, Jorge, e depois às vezes (pronto, quase sempre) escrevo de maneira que não se percebe nada do que digo. E esse texto está em galego. Só de quando em quando arrisco a escrever em português coxo. Mas gostei muito do filme (a minha estreia com o Tarantino) e surpreendeu-me porque não sou nada afecta as salpicaduras de sangue no ecrã.
E a respeito da dobragem, confesso: sou tradutora e trabalho principalmente para estúdios de dobragem, mas reconheço (e eu não ficaria sem trabalho, hihihi, dado que continuaria a traduzir para a legendagem) que os filmes, por muito bem dobrados que estiverem (imagine, um como este, em que se falam quatro ou cinco línguas, agora não me lembra bem), sempre perdem. Por isso, e dado que de qualquer maneira tenho de percorrer muitos quilómetros para chegar a uma sala de cinema, prefiro achegar-me a Viana (se há alguma coisa de jeito, o que é raro) ou incluso ao Porto, antes que a Vigo.
Os títulos, é curioso, mas normalmente decide-os não o tradutor, mas alguém das altas esferas que nem viu o filme na maioria das vezes.
Isso dos intervalos é pior que o Deus me livre. Já declarei aqui guerra aos intervalos e iniciei um boicote pessoal às salas da Warner Lusomundo - que são as que os praticam.
As melhores salas de Portugal são as 20 do UCI Arrábida, no Porto. É lá que eu vou - e em Lisboa às da UCI El Corte Ingles. Ponto final.
Curioso que tenhamos coincidido na temática do fechar os olhos - mas a preclara Miou consegui tê-los mais abertos do que eu. Ganda mulher!
O Tarantino merece que veja o Pulp Fiction.
Pelas maçãs siamesas vi que não são golden - provavelmente são Gala Royal.
Também não gosto muito de ketchup, mas nada me move contra o tomate - um sumo de tomate temperado (o da foto?) parece-me adequado pela manhã, a seguir a uma noite longa e agitada.
Agora que o diz, é provável que sejam Gala Royal, mas nunca pensei nisso, porque realmente o sabor delas não tem nada a ver com as que se compram por aí, garanto-lho. Aliás, são das minhas preferidas, menos acedas que o resto, mas mesmo assim, com um leve toquezito: divinais!
Nunca estive nos cinemas do Arrábida. Vou pensar nisso da próxima vez que vá ao Porto (pronto, isso é em Gaia já, não?).
Ah, e também eu não tenho nada contra o tomate, ao contrário. É só de ketchup que não gosto. O da foto é mesmo sumo de tomate, hmmmm! (sem necessidade de noite agitada prévia).
Nasci em Maio de 1956 na Maternidade Júlio Dinis. Fiz a primária no Campo 24 de Agosto e o essencial do liceu (concluído entre o Nobre e Gaia) no Alexandre Herculano. Entre os 15 e os 21 anos fui militante da LCI. Li quase tudo que o Marx, o Lenine, o Trotsky e a Rosa Luxemburgo escreveram. Ler mais
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